As droseras são plantas que se encontram espalhadas por todo o mundo mas, neste artigo, a atenção será dada às droseras tropicais e semitropicais, droseras que não requerem um período de dormência ou têm resistência limitada a temperaturas muito baixas. A lista de espécies que cumprem estes requisitos é longa mas deixo aqui apenas alguns exemplos das espécies mais comuns, que são a Drosera capensis, a Drosera aliciae, a Drosera binata e a Drosera regia.
A lista inclui ainda a Drosera adelae, a Drosera prolifera e a Drosera nidiformis. Entre estas, as mais facilmente encontradas no mercado nacional são, todavia, a Drosera capensis e a Drosera aliciae. Gostaria de destacar ainda a Drosera capensis, que é uma das plantas carnívoras mais resistentes e mais fáceis de manter, tolerando até maus tratos, o que a torna, assim, na planta mais adequada para quem se inicia no fascinante mundo do cultivo de plantas carnívoras.
Muitas vezes, quem começa é tentado a iniciar pelas espécies mais exóticas ou até mesmo pelas mais vistosas, acabando por desistir às primeiras dificuldades devido aos insucessos que obtém. Em resposta à pergunta que muitas vezes me é colocada sobre qual a planta carnívora com que se deve começar, não tenho qualquer duvida que a resposta certa é a Drosera capensis. Aposte nela! Comum a todas as droseras é a forma de capturar as suas presas, utilizam pelos glandulosos que segregam um líquido viscoso que atua como cola e que dificulta a fuga dos insetos que inadvertidamente pousam nas suas folhas.
Após este primeiro contacto os pelos que foram tocados e os que se encontram nas proximidades curvam-se e prendem a vítima na folha. Em algumas espécies, a própria folha dobra ou enrola-se em redor do indefeso inseto. As glândulas produzem enzimas que vão dissolver e digerir o inseto. Por fim, depois da refeição estar terminada, a folha e os pelos voltam à sua posição normal e os restos não digeríveis serão levados pelo vento ou pela chuva.
Os cuidados de cultivo e de rega que esta flor exige
As necessidades de cultivo destas originais variedades botânicas estão dentro dos parâmetros básicos para a maioria das plantas carnívoras que são comercializadas em Portugal. Em termos de solo, a mistura típica de turfa sem fertilizantes mais perlite em partes iguais funciona perfeitamente. A rega deve ser efetuada com água destilada ou da chuva e usando o método do prato com água por baixo do vaso, que não deve nunca faltar principalmente nos dias quentes.
No geral, as droseras desenvolvem-se melhor ao sol direto embora algumas espécies prefiram um local menos luminoso. Esse é, por isso, um fator que deve ter sempre em conta aquando da escolha da localização desta planta carnívora. Nas primeiras, incluem-se a Drosera capensis e a Drosera aliciae e, nas últimas, a Drosera adelae. Sendo espécies que não possuem dormência, podem ser mantidas com uma temperatura amena durante o ano todo, o que é uma vantagem.
São, por isso, candidatas ideais para terrários ou parapeitos de janelas. O clima em Portugal é adequado em todo o território durante a maior parte do ano, devendo apenas serem protegidas nos locais onde a temperatura desça para valores abaixo dos 10° C. Mesmo assim, geralmente embora a planta possa morrer devido ao frio excessivo, muitas vezes renasce das raízes quando as temperaturas depois melhoram. Nem sempre sucede mas é uma situação que pode ocorrer.
Como se processa a multiplicação desta espécie
A multiplicação destas plantas é relativamente simples na maioria das espécies. Se forem mantidas num ambiente ameno, dão flor regularmente ao longo de grande parte do ano. Algumas podem mesmo tornar-se pragas em algumas coleções. Esse facto é muito comum com as Drosera capensis e as Drosera aliciae, por exemplo, visto que as sementes minúsculas são produzidas às centenas e invadem os vasos próximos, germinando com grande facilidade.
Devido à facilidade de germinação e à quantidade de sementes produzidas, esta é a forma mais fácil de multiplicação. As plantas crescem rapidamente e atingem a maturidade em dois ou três anos. As formas de propagação são igualmente válidas, como o uso de folhas ou bocados de raízes. As folhas são colocadas à superfície do solo com a face dos tentáculos virada para cima para ficarem em contacto com o solo húmido. As raízes são colocadas à superfície e cobertos com milímetros de terra. Depois de algumas semanas, devem surgir pequenas plantas que rapidamente se tornam adultas.
Quanto à alimentação, as droseras conseguem capturar muitos e variados insetos desde que tenham acesso a eles. Não é necessário serem alimentadas à mão mas, no caso de o querer fazer, qualquer inseto serve e nem precisa de estar vivo, pode ser morto primeiro e depois colocado na zona dos tentáculos da folha. Isso é suficiente para desencadear a ação por parte das plantas. Como representante deste grupo temos, como já referi, a carnívora mais fácil de cuidar.
A planta à prova de bomba, como lhe chamo, é a Drosera capensis. Originária da África do Sul, é uma das plantas carnívoras mais cultivadas e mais conhecida de todos os que colecionam carnívoras. Embora seja muito comum, não deixa de ser uma planta interessante dentro do seu género, possuindo várias variantes com características muito distintas, temos a mais comum, a Drosera capensis typical, em que as folhas são verdes e os tentáculos são vermelhos.
A Drosera capensis red, que se for cultivada com sol suficiente é caracterizada pela cor vermelha por toda a planta, folhas incluídas, é outra, tal como a Drosera capensis alba, que não possui pigmento vermelho o que origina folhas verdes e tentáculos brancos. Existem ainda variantes com nomes que refletem as diferenças em termos das dimensões e características das folhas. Nestas, incluem-se nomes como a Drosera capensis narrow e a Drosera capensis broad leaf.
Daqui se pode perceber como uma espécie simples e fácil de cuidar pode ter um lugar de destaque em qualquer coleção, visto que é composta por uma grande variedade de cores e formas. Uma outra característica, também muito apreciada, é a forma muitas vezes dramática como a Drosera capensis envolve com as suas folhas os insetos que captura, muitas vezes dando várias voltas com a folha em volta da sua presa tal e qual como uma cobra quando caça.
Texto: Paulo Lourenço
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