Ao planearmos o nosso jardim, um dos (muitos) pontos a pensar é o relvado, muitas das vezes esquecido e até menosprezado. Um relvado bonito faz evidenciar todas as plantas contidas no jardim, criando uma harmonia natural. Existem centenas de espécies de relva e milhares de variedades. Surgem, então, nessa altura, inúmeras questões. O que usar? Semente ou tapete? Relvas de clima fresco ou relvas de clima quente?
As necessidades hídricas, a tolerância à seca ou encharcamento, tolerância ao frio ou calor, o suporte da salinidade, tolerância ao uso e à sombra, bem como a resistência a doenças e ataques de insetos, são pontos a considerar na escolha do relvado. A escolha das sementes para produção de tapetes de relva ou para sementeira direta terá, assim, de ser de grande rigor para que o relvado seja adaptado ao local e uso em questão.
A composição de uma mistura depende do fim a que se destina. Variedades de qualidade contribuem para um relvado de qualidade. Um relvado desportivo, por exemplo, tem exigências que um relvado residencial não terá assim como um relvado à beira-mar no Alentejo ou um relvado na serra da Estrela terão de ter requisitos diferentes. Quer opte por um tapete de relva ou pela sementeira, a sua manutenção deverá ser feita de acordo com o clima e a variedade escolhida.
Ao adquirir tapete/semente, deverá procurar produtos certificados e adequados à zona a semear. A escolha de tapete ou sementeira, além das vantagens e desvantagens que têm de ser ponderadas, no final, tem o mesmo objetivo, o de ter um relvado salutar e com baixa manutenção, que se mantenha agradável e saudável todo o ano. Em caso de dúvida, procure ajuda especializada, não vá depois arrepender-se por não o ter feito.
Vantagens e desvantagens dos tapetes de relva
Ao adquirir o seu relvado em tapete tem a vantagem de poder aplicá-lo em qualquer altura do ano e tê-lo pronto num só dia com plantas adultas bem formadas. Consegue-se, também, uma superfície uniforme e livre de infestantes, com limites bem definidos. No entanto, para além de o preço imediato ser mais elevado do que o da semente, a compra poderá estar, em muitos casos, limitada às misturas disponíveis no mercado.
Vantagens e desvantagens das sementeiras de relva
Por sua vez, ao adquirir um relvado de sementeira, a mistura pode ser pedida com características específicas e o preço imediato será bastante mais reduzido. No entanto, esta opção estará sempre limitada ao clima. En casos de chuva intensa, de muito calor ou até de muito frio, são de evitar.
O risco de instalação é bastante maior, já que a planta jovem pode sofrer golpes de frio ou de calor e, ainda, como por vezes sucede, doenças. Existe, também, a necessidade de combater infestantes e o gasto de água na sua instalação poderá ser muito elevado.
Os cuidados a ter na manutenção geral de um relvado
Um relvado, seja ele de tapete ou de sementeira, necessita sempre de cortes regulares mas não se deve, no entanto, tirar mais do que um terço da altura de folha em cada corte, aconselham os especialistas. As fertilizações devem ser regulares e feitas no seu período de crescimento ativo. As infestantes devem ser eliminadas e a rega deverá ser feita de acordo com as necessidades hídricas do relvado, o tipo de solo e o clima.
A escarificação/furação para controlo de pragas comuns e para o arejamento do solo também não pode ser esquecida. Se se optar por um relvado de bermuda, ideal para um clima quente como o de Portugal, deverá, contudo, lembrar-se de que sementeira ou tapete deverão ser feitos apenas a partir do meio da primavera e até agosto, um período que não deve, de todo, ultrapassar, sob pena de não conseguir alcançar o seu objetivo.
Este tipo de relva entra em dormência total ou parcial no inverno e a altura de corte deverá ser de entre os 0,5 centímetros e os 2,5 centímetros. Se se optar por um relvado composto por Festuca arundinácea e Poa pratensis, para um clima fresco, a sementeira tem a limitação na chuva intensa, nos picos de calor e nos picos de frio. O tapete pode ser aplicado durante todo o ano e a altura de corte deverá ser entre 3 e 5 centímetros.
Texto: Filipa Mateus de Almeida (engenheira agrónoma e consultora)
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