A Alta de Lisboa viu nascer uma das maiores obras de arte urbana da Europa a ser desenvolvida por um só artista. Com o objetivo de transformar um elemento urbanístico pré- existente – um talude – num espaço dinâmico, a SGAL - Sociedade de Mediação Imobiliária desafiou o artista RAF a repensar o espaço e desenvolver um trabalho artístico com a sua assinatura.
Originalmente, o talude impunha-se como um elemento predominante, mas sem interesse urbanístico para as zonas envolventes.
"Quando me desafiaram para trabalhar aquilo que era, na altura, um gigante bloco de cimento, imediatamente a minha cabeça se encheu de ideias. Olhando à volta, vemos prédios recentes coloridos que se misturam com a palidez de outras construções mais antigas. Decidi logo pegar no elemento cor para trabalhar este projeto, e comecei a imaginar de que forma poderia, com recurso à utilização de cor e de técnicas de aerografia, atribuir-lhe uma nova dimensão", esclarece RAF em comunicado.
Para atenuar esses fatores, RAF procurou criar um trabalho artístico dinâmico que transmitisse alegria, vontade de aproximação e sentido de pertença, acrescentando valor ao local e dotando-o de outras valências.
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Para atenuar a sua volumetria, RAF recorreu a cores vibrantes e criou efeitos visuais tridimensionais, que criam a ilusão de volume e atribuem dimensão – um olhar mais atento permite identificar formas escondidas e discretas que atuam como elementos visuais que apelam à imaginação.
Pela sua localização – na freguesia mais antiga de Lisboa - Lumiar, onde se foram instalando, ao longo dos anos, muitas comunidades emigrantes e com origens sociais muito diversas, e que agora se misturam com construções modernas e de luxo –, este projeto traz consigo um apelo social ao dinamismo e ao despertar daquela zona de Lisboa.
"Com esta obra, queria não só desenvolver um trabalho artístico relevante para a arte urbana, mas desejei, acima de tudo, que isto pudesse ser a concretização de algo em que estou a trabalhar há já alguns anos: o dinamizar desta zona de Lisboa", acrescenta.
"Faço parte da comunidade deste bairro desde muito pequeno e, por isso, este projeto é-me muito próximo. Foi aqui que decidi morar e trabalhar – abri o MU Workspace | Creative Cowork a alguns metros do Talude há cerca de um ano, e foi lá que o projeto MU Open Gallery deu os primeiros passos, recebendo já o projeto Talude no eu portefólio – e espero, agora, que esta possa ser mais uma contribuição para colocar este bairro no mapa daqueles que vivem e de quem visita a nossa cidade", disse ainda.
Rui Alexandre Ferreira espera que este projeto contribua para transformar o bairro num local de interesse turístico e comercial que, à semelhança de outros exemplos de arte urbana na capital, atraia novos públicos e operadores para esta zona. Um potencial que se concretizou no Festival Internacional de Street Art de Lisboa, que decorreu na Alta de Lisboa em maio deste ano, e onde o Talude foi não só a maior obra de arte urbana, como também aquela onde decorreu a maior interação e dinamismo com a população e visitantes.
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