A cidade dos Hohenzollern beneficiou do seu estatuto de capital de um reino abastado para ao longo dos séculos se rechear de monumentos e museus, de palácios e longas avenidas ornadas de tílias, de grande parques urbanos e imponentes edifícios públicos. Quem visita hoje Berlim vê uma cidade que esconde muito do sofrimentos pelo qual passou. Dir-se-ia que aqui sempre reinou a paz e a tranquilidade, tal a perfeição de tudo o que compõe esta deslumbrante cidade. Mas a verdade é outra. Quando vemos fotografias do pós Segunda Grande Guerra, vemos que a destruição de Berlim foi total e absoluta, de tal maneira que tudo o que agora está de pé foi reconstruído entre o final da década de 40 e os nossos dias. Ainda hoje o centro da cidade está em obras, com fim previsto para 2019 quando renascerá das cinzas o seu ex-libris, o Palácio da Cidade. O projecto, do arquiteto italiano Francesco Stella, custará mais de 500 milhões de euros e irá reconstruir fielmente o palácio original, adicionando-lhe uma fachada contemporânea como marca dos tempos.
O palácio real dos Hohenzollern fica na chamada “ilha dos museus”, uma parte da cidade onde coexistem alguns dos melhores museus do Mundo. Depois de erguido, o palácio vai receber importantes coleções, nomeadamente de etnografia, que estão ou guardadas em depósito ou estão dispersas por museus situados em zonas menos centrais da cidade. A poucas centenas de metros ficam as outras jóias da ilha, entre as quais se destaca o Museu Pergamon.
O grande museu de Berlim guarda no seu interior um património absolutamente improvável constituído por monumentos clássicos trazidos de terras distantes e aqui montados. Entre eles destacam-se o altar de Pergamon, as portas do Mercado de Mileto e de Ishtar, e a fachada do palácio de Mshatta. São memórias de uma época na qual os grandes arqueólogos do mundo eram berlinenses, que apoiados pelos fundos dos seus monarcas iluminados iam pelas sete partidas do mundo em busca de civilizações antigas, das quais depois traziam artefactos em contrapartida pelo seu esforço e investimento. O resultado são museus que por si só justificam a visita à cidade.
Mas não só de museus é feita Berlim, a cidade encerra outras atrações para quem a quer descobrir. Entre os locais a não perder estão o Reichstag, com a sua cúpula envidraçada desenhada por Sir Norman Foster, o Memorial aos Judeus mortos na Segunda Grande Guerra, a Porta de Brandenburgo, o enorme parque de Tiergarten (o maior parque urbano da Europa), o palácio de Charlottenburg, a Humboldt Box (que oferece uma vista fantástica sobre os monumentos do centro da cidade), entre muitos outros. Imperdível é também a Alexanderplatz e as suas ruas vizinhas, onde ainda se visumbram alguns vestígios de Berlim Leste e que é também a zona mais dinâmica em termos culturais e de lazer. É aqui que ficam as galerias de arte mais arrojadas, as lojas mais alternativas e bares e restaurantes de todos os tipos. De dia ou de noite é uma area que vale a pena descobrir.
Uma visita a Berlim não fica completa sem se conhecer as memórias do muro mais famoso do planeta. Já não restam muitos metros da estrutura que durante décadas dividiu a cidade, a Alemanha e, pelo menos simbolicamente, o mundo. O único vestígio encontra-se a uma curta distância do Checkpoint Charlie, criado para ser um simples posto militar de passagem de estrangeiros e membros das Forças Aliadas de uma Alemanha para a outra, mas que se tornou um símbolo da Guerra Fria. Hoje em dia soldados a fingir ainda “guardam” a pequena guarita do posto fronteiriço, recebendo 2 euros para serem fotografados com os turistas. Os tempos mudaram mesmo, neste caso para melhor.
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