Não foi fácil para Madonna encontrar uma casa em Portugal. Depois da Quinta do Relógio, em Sintra, as atenções da cantora voltaram-se para o Verride Palácio de Santa Catarina, em Lisboa, mas a proposta de arrendamento feita pelos seus assistentes não agradou aos proprietários desta unidade hoteleira. Os contactos com o dono da Quinta do Relógio, em Paço de Arcos, outro dos imóveis que equacionou, também não chegaram a bom porto.
Em novembro, os representantes da intérprete de êxitos globais como «Like a prayer» e «Girl gone wild» chegaram a acordo com os administradores do Atmosphere Hospitality Group, que detém o Palácio Ramalhete, para onde Madonna acaba de se mudar. A maioria dos que já pernoitaram neste alojamento local com pretensões de hotel de charme tece-lhe os maiores elogios. 94% das 424 avaliações no TripAdvisor são muito positivas.
«Conforto e tranquilidade numa das melhores localizações de Lisboa», escreveu Ivnna P. «Só temos coisas boas a dizer. Os quartos são todos lindos e perfeitamente decorados e limpos. A piscina é perfeita e tranquila, longe do barulho da rua», opina também Marta d. «Encantadora sala com vista para o porto e [para] o mar», elogia ainda Hjaneb7, outro dos utilizadores deste site, que apresenta mais de 500 fotografias do imóvel.
10 curiosidades sobre a nova casa de Madonna
1. Uma das áreas da casa que hoje alberga a suite do jardim e algumas das restantes divisões do Palácio Ramalhete foi construída durante o século XVII tendo, ao contrário de muitas outras, saído perfeitamente ilesa do grande terramoto que destruiu grande parte da zona ribeirinha central da capital em 1755.
2. Antigo palácio urbano da família Taborda, duques de Palmela e condes de Póvoa, acolheu, ao longo dos séculos, hóspedes ilustres, muitos deles pertencentes à alta nobreza europeia. Além dos duques de Windsor, foi visitado por Augusta Vitória Hohenzollern, pelo rei Manuel II, por Pedro de Sousa Holstein, pelo conde Guilherme de Schaumburg-Lippe e ainda pelo rei Luís I de Saxe-Coburgo-Gota.
3. O escritor Eça de Queirós, amigo chegado da família Taborda, descreve o Palácio do Ramalhete numa das suas obras mais populares, «Os Maias». «O Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspeto tristonho de residência eclesiástica», pode ler-se no livro.
4. A área principal do Palácio Ramalhete, outrora destinada à receção de convidados e à realização de jantares de gala e de noites de dança, mantém a sua estrutura original inalterada mas, à semelhança de todas as habitações do palácio, está hoje equipada com modernos sistemas de climatização, de aquecimento e de internet sem fios.
5. A parte mais nova do edifício principal data do século XVIII. Perfeitamente conservada, foi totalmente restaurada num trabalho moroso. Todos os azulejos portugueses que decoram as paredes, pintados à mão, são daquele tempo, tal como os grandes tetos de estuque imponentes que, na altura, ainda eram aplicados manualmente e que fazem parte dos últimos tetos de estuque manufaturados, muito antes da fabricação de placas de estuque inteiriças, a partir do século XIX.
6. Para além de 12 quartos e suites disponíveis, a maior e mais luxuosa com 35 metros quadrados, o Palácio Ramalhete, que ocupa 300 metros quadrados de áreas comuns interiores, também integra uma área de lazer exterior com uma piscina aquecida, um terraço que os proprietários descrevem como «espaçoso» e ainda três pátios exteriores.
7. Uma das habitações, a suite Dove, ocupa a antiga capela do Palácio Ramalhete, que funciona como unidade hoteleira desde o final de 2011. A suite Old Kitchen tem uma original lareira coberta. A suite Oak, com as paredes forradas a madeira, é, contudo, uma das mais elogiadas.
8. Em «Os Maias», Eça de Queirós conta a origem do nome do Palácio Ramalhete, alegadamente atribuído devido a um painel de azulejos com um ramo de girassóis colocado no local onde deveria estar a pedra de armas da habitação, uma espécie de brasão muito utilizado em épocas anteriores para identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e/ou nações.
9. A nova residência da cantora não dispõe de estacionamento próprio. O site da unidade hoteleira indica, contudo, a existência de um parque automóvel pago nas proximidades. Segundo o site da Rádio Comercial, «há poucas semanas, Madonna tentou tentou utilizar o parque automóvel do Museu de Arte Antiga, em Lisboa, que fica a poucos metros do Palácio Ramalhete, para colocar a sua frota automóvel de 15 carros, de acordo com fonte interna».
10. O antigo palácio urbano da família Taborda já serviu de cenário a «numerosas produções fotográficas e cinematográficas» e a «casamentos, aniversários, eventos empresariais e apresentações de produtos», revelam os promotores do empreendimento turístico no site do Palácio Ramalhete, onde surgem também animadas festas com figuras públicas como a relações públicas Bárbara Taborda ou Jorge Monte Real, ex-concorrente do reality show «Quinta das celebridades».
Texto: Luis Batista Gonçalves
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