O duque de York realizou um breve regresso à cena pública para prestar homenagem à sua mãe, que morreu na última quinta-feira no Castelo de Balmoral, aos 96 anos. No início do ano, a rainha Isabel II retirou-lhe os seus títulos militares, devido a um escândalo de agressão sexual a uma menor.

Nesta segunda-feira, o homem de 62 anos foi o único filho da monarca que caminhou vestido como civil atrás do caixão, enquanto os seus irmãos, o rei Carlos III, a princesa Ana e o príncipe Eduardo vestiam uniformes militares de gala.

O seu papel durante os 11 dias de luto nacional é uma das várias questões inconvenientes com as quais a Casa de Windsor tem que lidar, assim como a rutura entre o herdeiro do trono, William, e o seu irmão Harry, que no sábado apareceram inesperadamente juntos.

Uma prova do incómodo foi o grito de um homem, enquanto André, um ex-piloto de helicóptero, caminhava em silêncio atrás do carro fúnebre que transportava o corpo da sua mãe até à Catedral de São Egídio em Edimburgo para um serviço religioso.

Durante o fim de semana, André também se uniu a outros membros da realeza para cumprimentar o público do lado de fora de Balmoral e para receber o cortejo quando chegou à capital escocesa.

"Como membro da família, como filho da rainha, (André) está logicamente de luto pela sua mãe", mas "muito me surpreenderia se houver algum papel para o duque de York no futuro", analisa Robert Hazell, especialista constitucional da University College London.

A participação de André também atraiu olhares durante as cerimónias fúnebres do seu pai, o príncipe Filipe, falecido em abril de 2021. André chegou de surpresa juntamente com a rainha num carro e acompanhou-a à entrada da Abadia de Westminster.

epa10179904 Britain's Prince Andrew, Duke of York joins the procession to take the body of Britain's late Queen Elizabeth II from the Palace of Holyroodhouse to St Giles Cathedral, where the queen will lie at rest, in Edinburgh, Scotland, Britain, 12 September 2022. Members of the public will be able to pay their respects for 24 hours before the coffin is taken to London for a period of lying in state prior to her funeral.
Rei Carlos III, Princesa Ana e Príncipe André no cortejo fúnebre créditos: EPA/TOLGA AKMEN

Acordo milionário

O seu exílio reflete o grave prejuízo à imagem da família real provocado pela sua amizade com o magnata Jeffrey Epstein, que cometeu suicídio em agosto de 2019 nos Estados Unidos após ser acusado de exploração sexual de menores.

André, pai das princesas Beatrice e Eugenie, foi acusado de abusar sexualmente de Virginia Giuffre quando a menina tinha 17 anos. Para dar fim às acusações, fez um acordo extrajudicial e pagou uma quantia estimada em milhões de dólares.

O duque de York deu uma desastrosa entrevista à BBC em 2019, na qual ofereceu uma defesa pouco convincente e questionou a autenticidade de uma fotografia sua com Giuffre.

A rainha, que segundo alguns via em André o seu "filho favorito", despojou-o dos seus títulos no início de 2022, supostamente sob pressão do agora monarca Carlos III e do príncipe herdeiro William.

"As monarquias que perderam o apoio popular desapareceram. Qualquer monarca astuto está atento à opinião pública e responde rapidamente", explica Hazell. "Esperaria que Carlos não fosse muito diferente da sua mãe" nessa questão, acrescenta.

O biógrafo real Robert Jobson informou esta semana que William, que foi visto a conduzir André a Balmoral para acompanhar a rainha naqueles que se acredita terem sido os seus últimos momentos de vida, é contra um regresso do tio à vida pública.

O outrora popular membro da família real por seu serviço ativo durante a Guerra das Malvinas em 1982, contra a Argentina, parece ser reservado atualmente a responsabilidades privadas mais modestas.

André e a sua ex-esposa Sarah Ferguson, com quem continua a partilhar uma casa próxima do Castelo de Windsor, adotaram os cães corgi de Isabel II, Muick e Sandy, após a morte da soberana, disse a sua porta-voz no fim de semana.

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