É uma das criadoras de moda mais prestigiadas e elogiadas do século XX. Gabrielle Bonheur Chanel nasceu a 19 de agosto de 1883 no seio de uma família humilde, em Saumur, no centro de França. Na altura, foi registada com o sobrenome Chasnel, um erro de que os pais não se aperceberam de imediato. Após a morte prematura da mãe, ainda não tinha 12 anos, o pai enviou-as a ela e às irmãs para o orfanato do convento de Aubazine. Foi lá que aprendeu a costurar. Assim que fez 18 anos, foi convidada a sair.

Arranjou emprego como costureira em Moulins e, nos tempos livres, começou a cantar num cabaré. Foi nessa altura que adotou o nome artístico de Coco Chanel. Em 1906, trabalhou num spa em Vichy mas acabaria por regressar à cidade onde vivia. Nessa altura, também percebeu que não tinha grande futuro como cantora. Pouco depois conhece Étienne Balsan, oficial de cavalaria e herdeiro de uma fábrica de confeção, de quem se torna a amante favorita. Nos três anos seguintes, vive no castelo de Royallieu.

Coco Chanel troca-o depois por um dos seus amigos, Arthur Edward Capel, um rico capitão inglês. É ele que lhe oferece o seu primeiro apartamento em Paris e que lhe financia a abertura das primeiras lojas. Apesar de ele nunca lhe ter sido fiel, a relação ainda dura nove anos. Depois da Chanel Modes em Paris em 1910, abre estabelecimentos comerciais em Deauville em 1913 e em Biarritz em 1915. Em 1918, já é com capitais próprios que adquire um luxuoso edifício a poucos metros do local onde abriu a primeira loja, na Rue Cambon. Em 1927, já é dona de cinco prédios na mesma rua parisiense.

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A visão eclética, irreverente e elegante que Coco Chanel tem da moda e da mulher converte-a num ícone de estilo. A personalidade vincada também contribui para a criação do mito. "Nunca me preocupei com o que os outros pensavam de mim. Nem nunca penso nos outros, sequer", assumiria publicamente a estilista e empresária francesa. "Não vale a pena bater numa parede na esperança de que a vamos conseguir transformar numa porta", refere a mulher que idealizou o Chanel No. 5, criado pelo perfumista Ernest Beaux, que um século depois continua a ser uma das fragrâncias mais vendidas um pouco por todo o mundo.

Em 1939, pouco antes do início da II Guerra Mundial, apesar do êxito, encerra todas as lojas. Na primeira metade da década, Coco Chanel é acusada de apoiar os nazis. Nega-o sempre. No ano seguinte, muda-se para a Suíça. 15 anos depois, ainda que com algum receio do mercado, resolve retomar a atividade, repetindo o êxito. Nessa altura, segundo o biógrafo Edmonde Charles-Roux, o feitio difícil torna-se ainda mais insuportável, levando muitos amigos e colaboradores a afastarem-se. Torna-se ainda mais solitária.

Nos primeiros dias de 1971, aos 87 anos, é uma mulher cansada e doente. Ainda assim, mantém muitas das suas rotinas habituais e continua a trabalhar na nova coleção de alta-costura que contava apresentar pouco depois. Na tarde de 9 de janeiro, um sábado, sente-se mal e vai para a cama mais cedo. No dia seguinte, é encontrada morta no quarto do hotel Ritz, onde residia. As cerimónias fúnebres decorrem na Église de la Madeleine, em Paris, mas é, depois, enterrada no cemitério de Bois-de-Vaux, em Lausana, na Suíça.