Portugal é um dos países europeus que Malik Harris mais quer conhecer. O cantor e rapper de 24 anos, que representa a Alemanha no Festival Eurovisão da Canção de 2022, em Itália, com "Rockstars", chegou a ter a viagem marcada mas a pandemia viral de COVID-19 que assolou o mundo obrigou-o a adiar o projeto. Em entrevista exclusiva ao Broader/SAPO Lifestyle, o intérprete germânico de ascendência norte-americana, revela como está a viver a experiência eurovisiva e elogia Salvador Sobral.

"Rockstars" recorda, com nostalgia, outros tempos em que a vida era, aparentemente, mais fácil. Depois de mais de dois anos de pandemia, a mensagem não poderia ser mais atual...

A mensagem mais importante da canção é que devemos viver cada momento ao máximo e aproveitar o aqui e o agora, porque não sabemos como é que vai ser o depois. "Rockstars" é sobre os bons dias de antigamente, aqueles que recordamos com nostalgia e aos quais gostaríamos de poder voltar, em certa medida. Eu acho que é típico dos seres humanos lembrarem-se apenas das coisas boas do passado e focarem-se mais nas coisas más do presente.

Essa é uma forma de ver as coisas que eu acho que deveríamos mudar. Deveríamos valorizar mais o que temos de bom à nossa volta e olhar mais para as pequenas coisas, como fazíamos quando éramos mais novos. Se começarmos a valorizar as coisas boas que nos rodeiam, voltaremos a sentir esses tais bons dias de antigamente, mesmo nos momentos mais difíceis. A nossa vida tem muito a ver com a forma como olhamos para as coisas.

Por falar em coisas menos boas, nas casas de apostas e nos rankings elaborados pelos vários grupos de fãs, a Alemanha está longe de ser um dos favoritos à vitória este ano. Liga alguma coisa a essas tabelas de preferências ou não lhes dá qualquer importância?

Por acaso, honestamente, não lhes presto qualquer atenção. Eu sou o tipo de pessoa que só faz uma avaliação das coisas depois de elas acontecerem, nunca antes. Por isso, não ligo nenhuma a esses rankings. Estou focado em dar o meu melhor e, na prática, isso é a única coisa que posso fazer...

O eurofestival pode ser um passaporte para uma carreira internacional, como sucedeu com os ABBA, com Céline Dion ou até com os Maneskin, os vencedores do ano passado. Também tem essa expetativa?

Para mim, em termos pessoais, o mais importante é aproveitar esta aventura eurovisiva. Não encaro este festival como uma competição. Vejo-o mais como um grande evento musical internacional no qual tenho o prazer de cantar uma canção minha e de representar o meu país. A minha ambição principal é divertir-se, acumular o maior número de memórias positivas que conseguir e fazer novos amigos...

Já alguma vez veio a Portugal?

Infelizmente, não, apesar de ser o país europeu que eu mais gostaria de visitar, sobretudo desde que o meu irmão aí esteve e me contou maravilhas do vosso país. O ano passado, por acaso, cheguei a ter a viagem marcada mas, dois dias antes de embarcar, soube que o número de casos de COVID-19 tinha disparado e tive de cancelar o voo, com muita pena minha. Mas, assim que puder, vou visitar Portugal. Tenho muita vontade de o fazer...

Antes de Salvador Sobral ter ganho o Festival Eurovisão da Canção de 2017 com "Amar pelos dois" já tinha ouvido alguma música portuguesa?

Infelizmente, não. Mas adorei a atuação do Salvador Sobral, porque foi muito intimista e muito crua. Eu gosto de canções que não têm grandes elementos, gosto de ouvir músicas mais calmas e mais despidas instrumentalmente. As que são demasiado produzidas acabam por nos distrair do essencial. Apesar de não ter percebido uma única palavra, "Amar pelos dois" despertou em mim um sentimento emocional. Senti a proximidade e a intimidade...

Alguns dos seus adversários em palco já revelaram publicamente quais são os seus favoritos da edição deste ano. Também tem um preferido?

A minha canção favorita da edição deste ano é, sem qualquer sombra de dúvida, a da Bélgica, "Miss you", interpretada pelo Jérémie Makiese. Adoro a canção, o intérprete, a voz, a produção, o vídeo... Acho que não há nada naquela canção de que eu não goste...

E, depois do eurofestival, além de vir a Portugal, já sabe o que vai fazer? Em termos profissionais, quais são os projetos que tem?

Já tenho uma série de espetáculos agendados. Vou retomar a digressão de promoção do álbum "Anonymous colonist", que lancei o ano passado. A tournée foi adiada por causa da pandemia mas agora vai mesmo avançar. Também vou atuar nalguns festivais. A minha ideia é fazer o maior número de concertos que conseguir porque desde o fim de 2019 que não atuado com a regularidade que desejaria e já tenho muitas saudades de voltar a cantar ao vivo para muita gente.