
Pedro Chagas Freitas não deixou passar em branco a morte do jovem Manuel Trindade, um forcado de apenas 22 anos que não resistiu ao ser colhido por um touro no Campo Pequeno, em Lisboa, no passado dia 22 de agosto.
Depois desta notícia ter sido tornada pública, os comentários de ódio em relação aos jovem e à sua profissão espalharam-se nas redes sociais levando a mãe deste, Alzira Trindade, a emitir uma carta aberta "ao PAN e seus seguidores".
A opinião de Pedro Chagas Freitas
Tocado pelas palavras de Alzira, o escritor deu a sua opinião sobre o caso nas redes sociais.
"Morreu um rapaz de vinte e dois anos. E há uma multidão de idiotas que, ancorados numa pretensa luta civilizacional, celebram a morte de um miúdo.
Abomino touradas. Mas tenho medo dos radicais. De todos. Dos que matam em nome de um ideal, dos que agridem em nome de um amor, dos que berram atrás de hashtags.
Sou radicalmente contra os radicais. Assustam-me. O radical não vê pessoas; vê símbolos, caricaturas, bandeiras, possibilidades de combate. Vê um toureiro; não vê um filho. Vê alguém para reforçar a narrativa. Ao fazê-lo, perde o contacto com a experiência humana. Ao rirem-se da morte de um jovem, tornam-se mais bárbaros do que a barbárie que dizem combater", começa por dizer o escritor.
"Os imbecis que celebram a morte acreditam ser moralmente superiores. Não percebem que moralidade desaparece no instante em que se festeja o fim de alguém. São iguais aos radicais de qualquer seita: justificam tudo em nome da causa.
Hoje é a tauromaquia, amanhã é outra coisa qualquer. Desumanizar o outro torna aceitável a sua aniquilação. O perigo maior é esse: aceitar que a morte de alguém pode ser justa só porque não gostamos daquilo que ele representava", refere Pedro Chagas Freitas.
De seguida, o escritor menciona ainda o facto de Manuel Trindade conseguir ajudar sete pessoas já que os seus orgãos foram doados.
"O Manuel Trindade, no gesto final, salvou vidas. Sete. Vai ajudar sete pessoas a respirar, a andar, a sorrir, porque ele deixou o corpo para trás.
O meu filho está vivo porque outro, tão heróico quanto este, morreu e deixou o fígado dele. É horrível e maravilhoso ao mesmo tempo", referiu o escritor, lembrando o seu próprio drama com o filho Benjamim que se submeteu a um transplante de fígado.
No fim da partilha, o autor "deixa um abraço à família de Manuel" e faz questão de se disponibilizar para ajudar.
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