Desde que o João nasceu, já lá vão 4 anos, que volta e meia dou por mim a pensar nisto. Olhava para ele, ainda pequenino, indefeso, e agora olho para o Tomás, já com 1 ano, não tão pequenino, mas mesmo assim um bebé , e imagino o que se passa dentro das suas cabecinhas.
Não deve ser difícil ser bebé, e presumo que seja até muito agradável. Temos sempre alguém que toma conta de nós e por isso nunca estamos sozinhos. Basta sentir alguma ligeira inquietação, ou até mesmo algo a incomodar que emitimos logo um sinal sonoro e vem imediatamente alguém acudir ao nosso desespero. Ninguém gosta de nos ver a chorar ou a reclamar, e movem-se montanhas para que reine a boa disposição.
Temos sempre o rabinho limpo, e estamos sempre perfumados. Creme para isto, creme para aquilo, água de colônia, coisinhas que cheiram bem e fazem-nos cheirar bem. Banhos longos e demorados, com brinquedos e afins, chapinamos na água com toda a força e todos acham piada. O cabelo sempre muito bem penteadinho e a roupa lavada. Andamos sempre bem arranjados, confortáveis e acima de tudo quentes. Caso começamos a ter calor, ou a ter sinais de possivelmente podermos ter calor, vem a a mãe tirar uma peça de roupa. Roupa nova, roupa da moda atual, e acima de tudo muita variedade. Roupa para sair, roupa para estar em casa, roupa para dormir, roupa para ir ver os avós, roupa igual ao pai ou à dos irmãos, roupa para o Natal, aniversários, festas, ou só para ter.
Andamos mais ao colo do que pelo nosso pé e toda a gente parece gostar de fazer festinhas e dar beijinhos. Somos muito elogiados, quer pela nossa beleza física, quer pelas habilidades que já dominamos, ou simplesmente por que sim. A nossa auto estima está bem lá em cima.
Somos verdadeiramente riquinhos em tudo o que fazemos, mesmo quando é uma asneira (daquelas grandes), o nosso sorriso apaixona qualquer um. Batemos palminhas como gente grande, tentámos dançar, e damos deliciosos beijinhos, e toda a gente quer ver mais e mais.
Antes de termos fome já temos o pratinho à frente com a nossa comida favorita, sempre quentinha, e sempre como gostamos. Fazem brincadeiras e palermices para nos entreter enquanto demoramos a comer e no fim ainda vem uma sobremesa docinha.
Quando, por vezes, choramos, pegam-nos ao colo, com uma voz muito doce e meiga, tentam nos distrair, enquanto nos embalam ao som de uma melodia doce. Quando estamos doentes, vamos para a cama dos pais, e a mãe nunca sai do nosso lado. Mais festinhas e mais miminhos, fazem-nos as nossas vontades todas, e até podemos não comer se não o quisermos.
Temos quartinhos novos, lindos, e quentinhos. Com brinquedos e coisas brilhantes, estamos no nosso reino. Dormimos sempre até tarde, e acordamos tarde, com uma (ou várias) ceias pela noite dentro. Fotografias nossas invadem as casas em que nos deslocamos, e somos sempre o centro das atenções. Os (muito) mais velhos derretem-se connosco, somos tudo para os nossos papás.
Podemos dizer, com toda a certeza, que o mundo gira à nossa volta.
Marta Andrade Maia
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