Para Javier Urra, no campo da educação não há “fórmulas” para agir em cada situação ou resolver conflitos. Por isso, o psicólogo acredita que “educar é uma arte, não é uma ciência”, como referiu numa entrevista que coincide com o lançamento do novo livro “O Pequeno Ditador Cresceu”, obra que sucede ao bestseller em Portugal "O Pequeno Ditador", de 2007.
Siga os conselhos do psicólogo espanhol Javier Urra para orientar os pais acerca da importância da disciplina durante a primeira infância:
1- A criança tirana faz-se. Aos pais cabe a tarefa de bem educar.
As crianças são “pequenas tiranas” quando impõem a sua posição perante os pais, dão ordens, são o centro da atenção no contexto familiar. Javier Urra acredita que “a criança não nasce tirana”. “A criança tirana faz-se”, cabendo aos pais fixar limites desde tenra idade.
2- Os pais devem assumir uma figura de autoridade.
“Os pais não têm de ter medo” de impor a sua posição, já que os limites e as regras são bases fundamentais na educação, defende Javier Urra. “Os pais perderam muito o sentido de autoridade”, observa Urra, quando os filhos necessitam de padrões, normas, regras, hábitos que os orientem no sentido de crescerem mais preparados para a vida.
3- A superproteção da criança é um erro comum.
Um dos erros mais frequentes na hora de disciplinar os filhos é, segundo Javier Urra, “educar com superproteção”, atitude que torna as crianças inseguras e dependentes, incapazes de tomar as suas próprias decisões. “As crianças superprotegidas têm uma baixa autoestima, toleram mal a frustração, movem-se por impulsos e procuram satisfações imediatas”, considera o autor espanhol.
4- As regras devem ser ditadas com coerência.
Outro erro comum apontado pelo psicólogo e pedagogo é a “inconstância” com que os pais educam as crianças, ou seja, os pais ditarem ou não regras em função do seu estado de espírito. A educação é um processo “contínuo” que exige um acompanhamento contínuo por parte dos pais, sendo este um dos principais segredos para bem educar os filhos, sugere Javier Urra.
5- Saber dar afetos é uma capacidade essencial nos pais.
O vínculo emocional estabelece-se desde o princípio com os pais, influenciando o desenvolvimento afetivo e moral da criança. O psicólogo espanhol alerta para a importância de lhe transmitir afeto, capacidade que, na sua opinião, continua, hoje em dia, demasiado centrada na figura materna: ”A sensibilidade, o carinho, o afeto e o cuidado geralmente residem na mulher; há que feminizar a sociedade”, opina Urra.
6- Deve-se educar a criança sem prejuízo para o bem-estar dos pais/casal.
É importante zelar pelo desenvolvimento das crianças, mas não é suposto que os progenitores ajam como “super-mamãs” ou “super-papás”. Afinal, “além de serem pais, também são pessoas”, sendo também importante valorizar a relação conjugal, até para bem dos filhos.
7- Ser pai ou mãe implica aprender e saber educar
“Como educar o nosso filho?” é a primeira pergunta que os pais devem colocar a si próprios para que possam orientar a criança ao longo do seu crescimento. Os pais devem preparar-se para desempenhar o seu papel, sendo que, segundo Urra, “ser pai ou mãe implica saber educar”.
Javier Urra é doutorado em Psicologia e Ciências de Saúde. É pedagogo terapeuta e professor na Universidade Complutense de Madrid. É autor de “O Pequeno Ditador”, “O que Ocultam os Filhos, O que Escondem os Pais”, “Educar com Bom Senso” e “Prepara o teu filho para a vida”.
Texto: Ana Margarida Marques
Fotografia: António Cabral
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