Para além das limitações de leitura, a dislexia afeta também, muitas vezes o autoconceito e a autoestima da pessoa. Sendo uma dificuldade de aprendizagem permanente, uma vez diagnosticada vai acompanhar a pessoa durante toda a sua vida. Crianças com dislexia podem acabar por se sentir menos inteligentes e menos capazes do que na realidade são; e o desgaste de repetidas situações de stress relacionadas com problemas escolares resultam muitas vezes numa crescente desmotivação em prosseguir os estudos.
Para evitar esta espiral negativa, o diagnóstico e intervenção precoces fazem toda a diferença na qualidade de vida da criança. Para isso, é fundamental que pais e educadores estejam atentos a determinados sinais de alerta na criança, quer no que toca à linguagem que ela usa na sua comunicação com os seus pares e adultos, quer na forma como interage com os suportes de leitura ainda no contexto pré-escolar (por exemplo, se tem a iniciativa de ir buscar um livro e qual a curiosidade que apresenta ao explorá-lo).
Tudo isto são elementos que podem dar pistas a pais e educadores sobre como a criança se organiza neste mundo auditivo e visual que é o mundo das letras. Uma boa comunicação entre pais, professores e técnicos especializados é determinante para identificar estes sinais e despistar a dislexia ou outras perturbações de desenvolvimento em idade precoce.
Uma vez diagnosticada, torna-se possível implementar desde cedo estratégias de desenvolvimento das capacidades da criança. Quanto mais cedo for feita a intervenção, mais hipótese a criança terá de promover as suas funções de leitura, devido à maior “plasticidade” do cérebro infantil em comparação com o cérebro adulto.
Reeducação da dislexia
Sempre que crianças ou jovens revelem alguns dos sinais de alerta relacionados com a dislexia, pais e professores devem procurar o quanto antes, fazer uma avaliação mais detalhada junto de técnicos especializados, dado que o sucesso da intervenção será tanto maior quanto mais cedo forem detetadas e intervencionadas estas dificuldades. O diagnóstico e a intervenção na dislexia são realizados por psicopedagogos ou psicólogos educacionais, que devem trabalhar em estreita colaboração com a família e os professores da criança. A avaliação consiste geralmente numa entrevista inicial aos pais, seguida de quatro sessões com a criança e de uma entrevista aos seus professores.
Os programas de intervenção mais eficazes na reeducação da dislexia são dirigidos para a estimulação e treino das competências metalinguísticas e visuo-espaciais tendo como foco o processamento fonológico e percetivo-visual. Estes programas são realizados através de sessões semanais ou bissemanais privilegiando sempre que possível uma estimulação multissensorial.
A reeducação e o treino destas aptidões baseiam-se em atividades profundamente estruturadas e sistematizadas, assim como na implementação de atividades lúdico-pedagógicas. É fundamental que o técnico mantenha uma comunicação estreita com os professores e os pais da criança, de forma a conciliar as estratégias educativas utilizadas.
O mesmo tipo de intervenção pode ser aplicado em adultos com dislexia, trazendo melhorias significativas na consciência fonológica e na precisão da leitura destas pessoas. Contudo, devido à menor plasticidade do cérebro adulto, o grau de motivação da pessoa em superar estas dificuldades, é absolutamente determinante para o sucesso da intervenção.
Artigo publicado por SEI - CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
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