As células estaminais são já conhecidas pelo seu potencial regenerativo e terapêutico em diversas situações patológicas, sendo o cordão umbilical uma das fontes de células estaminais mais acessíveis, explica a investigadora Isabel Alcobia.
O cordão umbilical é um anexo embrionário que liga o bebé à placenta da mãe, constituído por uma matriz gelatinosa elástica revestida por células epiteliais. «Nessa matriz gelatinosa existem três vasos sanguíneos: duas artérias e uma veia. Pela veia, chega o sangue materno rico em nutrientes e oxigénio. As artérias devolvem do feto o sangue com dióxido de carbono e resíduos metabólicos», refere a também investigadora do Instituto de Histologia e Biologia do Desenvolvimento, da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Originar células de sangue
Em 1974, as células isoladas do sangue de cordão umbilical foram identificadas como sendo capazes de originar outras células do sangue. O sangue de cordão é, desde então, recolhido para isolar as células estaminais hematopoiéticas. Tanto que, refere Isabel Alcobia, «recentemente, vários estudos mostraram que, do cordão umbilical, é também possível isolar diferentes células estaminais: as células estaminais endoteliais da parede dos vasos sanguíneos e as células estaminais mesenquimatosas da matriz gelatinosa. As células estaminais hematopoiéticas são capazes de originar todas as células sanguíneas, os glóbulos vermelhos e os vários glóbulos brancos».
Novas conquistas científicas
Não há dúvidas que a ciência tem evoluído muito na área da medicina regenerativa. «Diferentes estudos indicaram que as células estaminais endoteliais conseguem formar novos vasos sanguíneos e que as células estaminais mesenquimatosas podem diferenciar-se em osso, cartilagem, adipócitos, hepatócitos e nalgumas células neuronais», refere a investigadora Isabel Alcobia, continuando: «Foi verificado igualmente que as células estaminais mesenquimatosas possuíam propriedades imunomoduladoras, isto é, quando cotransplantadas com outro tipo celular diminuem o risco de ocorrer rejeição do transplante».
O cordão umbilical torna-se assim uma poderosa fonte de células estaminais com numerosas aplicações na medicina regenerativa.
Texto: Ana Margarida Marques
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