As detenções foram efetuadas pela unidade de polícia responsável pela aplicação da lei da segurança nacional, imposta por Pequim ao território semi-autónomo, no ano passado, em reação aos protestos anti-governamentais de 2019.
De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), as autoridades acusam três mulheres e dois homens, com idades entre os 25 e 28 anos, de “conspirar para publicar, distribuir, mostrar ou copiar publicações sediciosas”.
Segundo as autoridades, o grupo procurou “incitar o ódio do público, especialmente das crianças pequenas, contra o Governo e o poder judicial de Hong Kong, e encorajar a violência e as ações ilegais”, escreveu a polícia, em comunicado.
Os cinco detidos fazem parte do Sindicato Geral de Terapeutas da Fala de Hong Kong, disse fonte policial à AFP.
A polícia disse ainda que congelou 160.000 dólares de Hong Kong (17.500 euros).
O sindicato publicou nos últimos meses três livros eletrónicos ilustrados, com o objetivo de explicar o movimento pró-democracia às crianças, descrevendo os militantes como ovelhas que vivem numa aldeia rodeada de lobos.
O primeiro livro, intitulado “Os protetores da Aldeia das Ovelhas”, explica a enorme mobilização popular em Hong Kong, em 2019, contra uma lei de extradição que permitiria que suspeitos de crimes fossem enviados para a China para enfrentar acusações.
O segundo, “Os Guardiões da Aldeia das Ovelhas”, conta a história de uma greve lançada pelo pessoal de limpeza da aldeia para protestar contra os lobos, que deixam resíduos por todo o lado.
Na introdução, explica-se que se trata de uma referência à greve que o pessoal médico de Hong Kong iniciou em 2020 para exigir o encerramento das fronteiras com a China continental, a fim de proteger o território, no início da pandemia.
A última obra, “Os 12 corajosos da Aldeia das Ovelhas”, sobre um grupo que foge de barco, para escapar aos lobos, é uma referência clara aos 12 ativistas pró-democracia, incluindo o luso-chinês Tsz Lun Kok, detidos em agosto de 2020, quando a lancha em que seguiam com destino a Taiwan, onde procuravam asilo, foi intercetada pela guarda costeira chinesa.
A sedição passou a ser um crime regularmente usado pela polícia para suprimir qualquer forma de dissidência no território chinês, que deveria gozar de ampla autonomia até 2047, ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”, acordado com o Reino Unido.
A China aprovou em 30 de junho de 2020 uma lei da segurança nacional, com penas que podem chegar à prisão perpétua, levando vários ativistas a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan, para onde fugiram muitos manifestantes em busca de asilo.
A lei foi criticada pela União Europeia (UE) e a ONU, por violar o princípio “Um país, dois sistemas”, acordado na transferência de Hong Kong, em 1997, garantindo à antiga colónia britânica liberdades desconhecidas no resto da China.
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