Roula Pispirigou, que está em prisão preventiva, é julgada por "homicídio doloso com premeditação" e "tentativa de homicídio doloso com premeditação" pela morte da sua filha mais velha.

Ela é a principal suspeita do envenenamento da sua filha Georgina, de 9 anos, que morreu em decorrência dos efeitos da toma de quetamina, substância utilizada como anestesia em clínicas veterinárias. O crime teria acontecido em 29 de janeiro de 2022.

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Pispirigou também está a ser investigada pelos supostos homicídios das suas outras duas filhas: Malena, que morreu aos 3 anos e meio em 2019, e Iris, que perdeu a vida com apenas seis meses, em 2021.

As mortes ainda estão sob investigação e não serão julgadas no processo que começa esta segunda-feira.

A réu compareceu à audiência algemada, vestida de preto e escoltada por polícias. O pai das meninas, de quem estava separada, tornou-se parte civil no processo.

Na abertura da audiência, o tribunal rejeitou o pedido do advogado da mulher, Alexis Kougias, de fundir as duas investigações num único caso.

"A primeira preocupação do tribunal é a administração da justiça", disse o seu presidente, segundo a agência de notícias grega ANA.

No entanto, concordou em adiar a sessão para quarta-feira, para depois de a acusada comparecer ao juiz de instrução responsável pela segunda acusação contra ela.

Roula Pispirigou
Roula Pispirigou Roula Pispirigou compareceu hoje em tribunal créditos: VASSILIS REMPAPIS / Eurokinissi / AFP

"Medeia dos tempos modernos"

No momento da sua morte, Georgina estava internada num hospital onde já tinha sido tratada após ter sofrido convulsões que a deixaram tetraplégica, em abril de 2021. Segundo a acusação, a mãe já tinha tentado matar a filha.

Malena, a segunda filha de Pispirigou, morreu de insuficiência hepática e Iris de paragem cardíaca, de acordo com os diagnósticos feitos inicialmente.

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No entanto, novos exames médicos, realizados após a morte da terceira filha, revelaram que as crianças morreram por asfixia.

Roula Pispirigou sempre defendeu a sua inocência e nega qualquer envolvimento na morte das três filhas.

Este suposto caso de infanticídio triplo causou revolta e teve grande cobertura mediática na Grécia. A imprensa local batizou a suposta assassina de "Medeia dos tempos modernos", numa referência à célebre personagem do teatro clássico grego.

O governo grego fez, em abril, um apelo à "calma" diante da multiplicação de apelos para assassinarem Roula Pispirigou e pediu à população que deixe a justiça fazer o seu trabalho.

A mulher - escoltada por um grupo de policias - teve que usar um colete à prova de balas quando foi levada ao tribunal de Atenas, pouco depois da sua detenção.

Na ocasião, os polícias antidistúrbios foram posicionados ao redor do tribunal, onde uma multidão se reuniu, gritando "assassina, reconheça o seu crime".

Também houve protestos em frente à casa da suspeita na cidade de Patras, no oeste da Grécia. Lá apareceram escritos em muros e paredes onde se podia ler "morte aos assassinos de crianças".