Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro, membro do Governo que faz a ligação entre autarquias, entidades de saúde, da segurança social e proteção civil na área de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), indicou que são 11.500 os funcionários de creches que têm de ser testados num “prazo muito curto de execução”, até 18 de maio, dia previsto para a reabertura de creches.
“Começámos esta segunda-feira numa creche da Santa Casa de Lisboa, na Alta do Lumiar [Lisboa], mas em dimensão e escala vamos começar penso que hoje (…). Vamos notificar as instituições e os profissionais para se dirigirem a laboratórios e a unidades do Serviço Nacional de Saúde para serem testados”, afirmou.
Este trabalho de testagem decorre em paralelo com os testes que estão já a ser realizados a funcionários dos lares de idosos da região.
Na última semana e meia, segundo o responsável, foram feitos cerca de sete mil testes a funcionários de lares e instituições com acordo com a Segurança Social.
“Temos cerca de 2.100 resultados e o número de positivos é residual, não chega a 1%”, disse, salientando que os profissionais testados nos lares estão “dentro de numa faixa etária mais saudável”.
“Ainda assim, temos anormalmente um resultado muito baixo. Mas é expectável que tenhamos um resultado mais alto” com a realização, na próxima semana, de mais sete mil.
O elevado número de testes realizados na região de LVT poderá ser, de acordo com Duarte Cordeiro, uma das explicações para o crescimento acima da evolução nacional do número de casos positivos para a COVID-19, segundo os dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Uma das possíveis razões é o volume dos testes que estão a ser feitos na LVT. Estamos a fazer o rastreio dos lares, empresas estão a fazer o seu próprio rastreio e fizemos o rastreio dos cidadãos requerentes de asilo, e o volume de testes neste território está a ser muito grande. Chegámos a fazer quatro mil testes num só dia e isso é um volume muito grande”, afirmou, sublinhando que as autoridades estão a procurar perceber as razões dos números da região.
Duarte Cordeiro salientou também que nos rastreios realizados a toda a comunidade de requerentes de asilo em alojamentos coletivos, que não as casas oficiais de apoio à comunidade dos refugiados na região, foram feitos cerca de 500 testes, dos quais cerca de 180 foram positivos.
Os cidadãos requerentes de asilo com uma grande concentração de positivos que foram isolados na Base Aérea da Ota estão esta semana a ser novamente testados, sendo que os casos negativos vão ser “reintegrados na sua vida normal”.
“Neste momento, dentro dos resultados que nós temos, leva-nos a crer que só parte da comunidade que está na Ota é que vai ser reintegrada esta semana”, disse.
Na sequência de um caso que começou por identificar cerca de 30 funcionários infetados numa empresa da Azambuja, entretanto encerrada, o secretário de Estado salientou que na próxima segunda-feira decorrerá uma reunião de várias entidades com as empresas da Plataforma Logística da Azambuja, para “passar uma mensagem de prevenção”.
Portugal regista 1.114 mortes relacionadas com a COVID-19 e 27.268 infetados, 7.093 deles na região de LVT, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.
De acordo com a diretora-geral, Graça Freitas, a testagem realizada nesta região é muito elevada e, como o vírus circula na comunidade, é natural que sejam detetados mais casos.
A responsável destacou ainda a existência na região de surtos como o da Azambuja, onde foram verificados até hoje de manhã 104 trabalhadores com teste positivo, 101 deles na mesma empresa.
Fazem parte da região de LVT os municípios da Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal) e os das comunidades intermunicipais da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste.
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