A análise é de Agostinho Guedes, que, enquanto diretor desse agrupamento escolar do distrito de Aveiro, defendeu que o primeiro ano da experiência local de distribuição das aulas por apenas dois semestres "foi muito bom" face ao anterior modelo de avaliação trimestral.

"Verificou-se que os professores têm mais tempo para a dita avaliação formativa e para recorrer a outros instrumentos de ensino a que nem sempre podiam aceder quando as aulas decorriam por trimestres", disse o professor.

Perante os resultados e a maior tranquilidade instalada nas aulas, "a pouco e pouco vai-se convencendo os jovens e as suas famílias de que não são só os testes que contam" no processo educativo.

Agostinho Guedes referiu ainda outras vantagens do novo calendário escolar: "Os alunos estão mais relaxados no Natal sem a pressão dos testes e sem a chantagem emocional a que estavam sujeitos nessa altura; os exames só se fazem no fim do semestre, em janeiro, quando já passou a excitação das festas; e depois há mais tempo e calma para assimilar os conteúdos até que eles sejam avaliados novamente em junho".

Na mudança de um semestre para o seguinte, a primeira paragem em 2020 foi de apenas três dias para os docentes procederem à avaliação das turmas, mas o diretor do Agrupamento antecipa que no próximo ano - porque "a experiência é para continuar" - essa pausa terá que prolongar-se "pelo menos por uma semana".

Em tudo o resto, o encerramento das escolas devido à pandemia da covid-19 só ao nível da questão presencial parece ter afetado o aproveitamento dos mais de 2.000 alunos em regime de semestralidade: "Tivemos que trabalhar à distância, mas a qualidade do ensino mantém-se, até porque adotámos uma plataforma digital única para não haver dificuldades de utilização e se assegurar uma experiência comum".

Há duas dificuldades técnicas, contudo, que afetam mais uns alunos do que outros: cerca de 50 jovens ainda não dispõem de computador para aceder às aulas de forma remota e, mesmo com equipamento informático disponível, quem vive em zonas serranas tem uma cobertura de Internet particularmente fraca ou inexistente - porque os mais de 329 quilómetros quadrados de Arouca exibem uma orografia extrema, predominantemente florestal.

Em todo o caso, o professor disse que "o Agrupamento e a Câmara Municipal, com outras entidades também, estão a trabalhar em soluções" para garantir que, após as férias em curso de hoje até dia 13, essas limitações técnicas já não se verifiquem e "todos os alunos estejam à hora determinada em frente ao seu computador, para continuar as aulas".

Entretanto, começou já a ser definido o programa para o ano letivo 2020/2021, em que o regime semestral é para manter e reforçar.

"Vamos, aliás, procurar alargá-lo às outras escolas do concelho de Arouca, nomeadamente ao Agrupamento de Escolas de Escariz e à Academia de Música", anunciou Agostinho Guedes.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 828.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 41.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 165.000 recuperaram.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 7.443 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 160 morreram, 627 estão internados em hospitais, 43 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

A 16 de março, toda a atividade presencial nas escolas do país foi suspensa e, entretanto, outras medidas de contenção foram implementadas no país, nomeadamente ao nível da circulação área.