"Plasticus Maritimus, uma espécie invasora", da bióloga Ana Pêgo e da escritora Isabel Minhós Martins, ilustrado por Bernardo P. Carvalho, recebeu uma menção na categoria de melhor livro de não ficção para a infância e juventude.

"Troca-Tintas", de Gonçalo Viana, obteve uma menção do júri na categoria de "Opera Prima".

Anualmente, a Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha distingue os melhores livros editados em todo o mundo, em diferentes categorias, como ficção, não ficção e, pela primeira vez este ano, banda desenhada. Nesta edição o júri analisou mais de 1.800 livros de 41 países.

Sobre "Plasticus Maritimus, uma espécie invasora", o júri destaca a variedade de técnicas e "o formato único" deste guia de campo sobre ativismo e criatividade.

"Plasticus Maritimus, uma espécie invasora", da bióloga Ana Pêgo e da escritora Isabel Minhós Martins, ilustrado por Bernardo P. Carvalho créditos: Divulgação

Editado pela Planeta Tangerina, "Plasticus Maritimus" é um livro informativo sobre meio ambiente e um guia de exploração, para os leitores que queiram também ser mais ativos na defesa da natureza.

Inspirada na nomenclatura científica que identifica as espécies da natureza, a bióloga Ana Pêgo criou em 2015 um bilhete de identidade para designar a presença de plástico nos oceanos - Plasticus Maritimus.

A partir daí, desenvolveu todo um trabalho de consciencialização para o problema, com a realização de oficinas para crianças, exposições com o plástico recolhido em praias e partilha de informações com outros ativistas.

Na obra explica-se, por exemplo, que um 'beachcomber' é alguém que recolhe lixo nas praias e se torna num "coleccionador que se interessa pela origem e pela história dos objetos que encontra".

Há ainda dados estatísticos sobre a vida na Terra e sobre poluição - por exemplo, uma garrafa de plástico demora 450 anos a degradar-se -, é dado um enquadramento histórico sobre a produção de plástico e uma cronologia sobre "coisas importantes que já aconteceram entre pessoas e oceanos".

As autoras deixam ainda conselhos práticos para uma 'saída de campo', para recolha de lixo, e enumeram tipos de 'plasticus maritimus' comuns e raros que se encontram nas praias, como beatas de cigarro, palhinhas, cotonetes, pequenos brinquedos, moedas e lancetas de diabéticos.

Para Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho, este é um novo reconhecimento por parte da feira, uma vez que, em 2019, o livro "Atlas das viagens e dos exploradores", assinado por ambos, foi eleito o melhor de não ficção.

"Troca-Tintas", distinguido no prémio para primeiras obras, é elogiado pelo júri pelo estilo "fresco, distinto e ousado, conseguido de forma impressiva para uma estreia".

Com selo da Orfeu Negro, "Troca-Tintas" é um livro para a infância sobre a perceção da realidade, quando se mudam as cores habituais das paisagens e dos objetos.

"Troca-Tintas", de Gonçalo Viana créditos: Divulgação

A narrativa segue dois amigos num mundo às avessas, em que as árvores têm a copa branca e as nuvens são verdes, numa paisagem desarrumada que baralha as pessoas.

O livro assinala a estreia de Gonçalo Viana como autor em nome próprio - assinado a ilustração e o texto -, depois de ter ilustrado "Os livros do rei" e "Parece um pássaro", ambos de David Machado, "O toiro azul", de Manuela Costa Ribeiro, e "Esqueci-me como se chama", de Daniil Harms.

Formado em Arquitetura, Gonçalo Viana dedica-se atualmente em exclusivo à ilustração, tanto para imprensa portuguesa e estrangeira como para álbum ilustrado. Em 2008, Gonçalo Vianan recebeu o Grande Prémio Stuart de Desenho de Imprensa.

"Troca-Tintas" já serviu de inspiração para o espectáculo "A Árvore Branca", criado e interpretado por Raimundo Cosme para crianças pré-leitoras, e que está em cena até domingo no teatro Lu.Ca, em Lisboa, seguindo depois em itinerância por outras cidades.

A 57.ª Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha decorrerá de 30 de março a 02 de abril.

Em 2019, o livro "Atlas das viagens e dos exploradores", de Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho, foi eleito o melhor de não ficção pela feira.