As escolas públicas devem ser reconhecidas pela boa educação que fornecem, de forma que não sejam criados "sistemas paralelos", nos quais "as pessoas mais esclarecidas inscrevem os filhos", por não acreditarem naquelas instituições, indicou Manuela Sanches-Ferreira, diretora do Centro de Investigação e Inovação em Educação (inED), da Escola Superior de Educação (ESE) do Politécnico do Porto.
A professora falava à Lusa a propósito da primeira edição da Porto International Conference on Research in Education (Porto ICRE'17), evento organizado pelo inED, que decorre entre hoje e sexta-feira e reúne especialistas, agentes educativos e investigadores de 28 países.
Manuela Sanches-Ferreira, para quem o "conhecimento é poder", considera que a educação é cada vez mais um assunto que faz a diferença e que a discriminação social passa mais pelo nível de educação que o indivíduo tem, do que pelas questões económicas.
Nas últimas duas décadas, continuou a diretora, a preocupação com a educação tem aumentado, existindo, hoje em dia, uma consciência clara da importância que esta tem na mobilidade social, na qualidade de vida e na cidadania.
Questionada sobre os atuais desafios para os docentes, afirmou que estes devem perceber quais são as suas funções primordiais e os conhecimentos essenciais das áreas científicas que ele vão leccionar.
Especialista em educação especial e inclusão, a diretora contou que têm sido feitos esforços consistentes nesta área para melhorar a situação de pessoas com incapacidade ou que estejam em situação de exclusão, devido a razões sociais ou culturais.
No entanto, "falta uma avaliação clara das boas práticas" para que estas possam ser ensinadas às escolas que ainda "não estão tão capazes de as promover".
Embora acredite que a evolução seja necessária, afirmou que existem rotinas que as escolas precisam manter, tornando assim as boas práticas sistemáticas.
Durante a conferência, vão ser abordados os desafios da sociedade e educação social, a investigação sobre contextos e processos educativos, a aprendizagem ao longo da vida, a formação de professores e educadores, o desenvolvimento profissional e a cultura, o património e a educação.
Com este evento, pretende-se mostrar a investigação que se faz na ESE, de forma a devolver à comunidade local e nacional aquilo que de melhor se vai produzindo em Portugal e noutros países, concluiu Manuela Sanches-Ferreira.
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