Os encarregados de educação preveem que terão de gastar mais nas suas compras para este ano letivo. De acordo com o Observador Cetelem Regresso às Aulas 2022, as famílias com estudantes a seu cargo estimam gastar em média 525 euros, um valor acima dos 335 previstos no ano passado e nos anos anteriores do estudo, uma perceção que estará relacionada com a estimativa que os inquiridos fazem do aumento de preços dos materiais que precisam de comprar.

A maior parte das famílias (27%) estima que irá gastar entre 251 e 500 euros; já 22% contam gastar entre os 501 e os 750; 18% esperam não passar os 250 euros; e 15% preveem gastar mais de 751 euros. 17% disseram não saber ou preferiram não responder. As famílias que têm um estudante a seu cargo (cerca de 68%) esperam gastar em média 475 euros. Já as que têm dois educandos (28%) preveem custos na ordem dos 617 euros. As que têm três ou mais (4%) estimam que gastarão 710 euros.

Observando os dados, verifica-se uma relação entre os gastos e o nível de ensino dos educandos: no pré-escolar os gastos médios são cerca de 325 euros; no 1º Ciclo de 490; no 2º ciclo rondam os 503, no 3º ciclo 583 euros e no secundário o valor é 623 euros. No ensino superior/universitário é onde tenderá a ser necessário gastar mais - 875 euros em média.

No que respeita às áreas metropolitanas, verifica-se que os gastos das famílias no Grande Porto tenderão a ser, em média, mais elevados (690 euros) do que os das famílias da Grande Lisboa (547 euros). Já numa análise por região, é no Sul que o gasto médio das famílias será, em média, mais elevado (532 euros). Segue-se a região Norte, com um gasto médio de 510 euros e a região Centro com um valor mais baixo, cerca de 392 euros.

Relativamente ao material escolar que tencionam adquirir, 82% dos inquiridos estimam gastar em média cerca de 110 euros em material essencial (mochila, canetas, lápis, etc.); 70% calculam gastar em média 176 euros em artigos de vestuário/calçado; e 59% apontam uma média de 142 euros para equipamento para educação física.

Famílias procuram conter despesas neste regresso às aulas

Para procurar minimizar esta subida de preços nos seus orçamentos, a maioria das famílias tenciona conter-se nas compras para este ano letivo (57%) e quase todas adotarão estratégias para as tornar menos dispendiosas (95%). Algumas das medidas tomadas passam por comprar apenas o estritamente necessário (59%), optar pelas promoções (40%), reutilizar material escolar (33%) e optar por produtos mais baratos (20%).

Relativamente à contenção nas compras, 18% dos encarregados de educação dizem, por exemplo, já ter recusado material escolar por considerarem ser muito caro, nomeadamente, aqueles que residem em Lisboa (14%) e que têm filhos a frequentar o 2.º Ciclo (28%). 13% dos encarregados de educação admitem, no entanto, fazer cedências no seu orçamento para poderem comprar o material escolar desejado, principalmente as famílias com menores rendimentos (38%) e residentes em Lisboa (18%).

Apesar de muitos procurarem poupar neste regresso às aulas, 51% dizem ter total capacidade financeira para financiar a educação, neste ano letivo. Esta disponibilidade financeira poderá ser explicada pelo facto de 61% dos encarregados de educação afirmarem ter feito poupanças para este fim, com 29% a admitir que a vão utilizar neste regresso às aulas. 18% dizem também que tencionam utilizar o cartão de crédito no regresso às aulas, sendo este o valor mais baixo dos últimos 6 anos.

O inquérito quantitativo do Observador Cetelem Regresso às Aulas 2022 foi realizado pela empresa de estudos de mercado Nielsen. Este teve como target indivíduos de ambos os géneros, de idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos, residentes em Portugal Continental, que tenham dependentes em idade escolar. O estudo foi conduzido através de entrevistas telefónicas assistidas por Computador (CATI). No total foram feitos 1262 contactos para realizar 504 entrevistas representativas do universo em estudo. O erro máximo associado é de + 4.4 p.p. para um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram conduzidas por intermédio de questionário estruturado de perguntas fechadas com a duração máxima de 12 minutos. Foram realizados contactos representativos da população e estratificados por Distrito; Género e Idade para encontrar o target do estudo. As entrevistas foram conduzidas por uma equipa de entrevistadores Nielsen, que receberam treino específico para o presente estudo. O trabalho de campo decorreu entre 11 a 25 de agosto 2021.

A maioria dos inquiridos pelo Observador Cetelem Regresso às Aulas 2022 (68%) tem apenas um estudante a seu cargo, 28% tem dois e 4% tem três ou mais. 88% dos inquiridos indicam que os seus dependentes frequentam o ensino público, com os restantes a referir o ensino privado. A grande maioria (76%) tem a seu cargo estudantes do ensino básico – 31% no 1º ciclo; 26% no 2º ciclo e 24% no 3º ciclo. 20% têm estudantes a seu cargo a frequentar o ensino secundário, 8% o ensino pré-escolar e 9% estudantes universitários.