Está provado que a falta de sono está associada ao aumento de peso infantil e juvenil. Agora, um novo estudo levado a cabo por investigadores do Hospital Geral Infantil de Massachusetts, nos Estados Unidos, mostra que os adolescentes que dormem pouco e mal– menos de oito horas diárias e com interrupções – correm mais riscos de vir a sofrer de problemas cardiovasculares.

Elsie Taveras, neurologista e uma das autoras da pesquisa publicada na revista Pediatrics, citada pelo ABC espanhol, salientou que há uma carência de estudos sobre a influência do sono na pressão arterial e no metabolismo, entre outros. Este, porém, torna claro como as noitadas ou as insónias podem ter uma fatura pesada na idade adulta.

O estudo faz parte do Projeto Viva, lançado entre 1999 e 2002 e que englobou mais de 2.000 mães e filhos. Nas duas últimas décadas, a saúde dos adolescentes (cerca de 829 com uma idade média de 13 anos) foi monitorizada com recurso a diversos testes clínicos para avaliar o efeito de diferentes fatores - incluindo o sono e o possível impacto da televisão na duração e qualidade desse sono - no seu desenvolvimento físico e mental.

Os resultados mostraram que a duração média do sono dos participantes foi de 441 minutos - 7,35 horas diárias. Só 2,2% dos envolvidos alcançou ou excedeu o tempo de sono recomendada para sua idade: nove horas por dia entre os 11 e os 13 anos e oito horas para adolescentes com mais de 14 anos.  Cerca de 31% dos participantes dormiram, em média, menos de sete horas diárias, e 58% só estiveram realmente a dormir durante 85% do sono noturno, valor que é suficiente para adultos, mas não para adolescentes.

A falta de um sono suficientemente reparador teve um efeito negativo na saúde cardiovascular das crianças. O mau sono foi ainda associado a um aumento da massa gorda e da gordura abdominal. Os adolescentes que dormiram mais horas e de forma contínua, apresentaram uma circunferência abdominal menor, níveis mais baixos de pressão arterial e mais altos de colesterol bom.

“Os pediatras devem estar conscientes de que a má qualidade do sono está associada a um risco cardiometabólico acrescido. Sabemos que o exercício melhora a eficiência do sono em adultos e que o tempo gasto à frente do ecrã diminui essa eficiência nas crianças. É preciso tomar medidas preventivas para reduzir ou mesmo acabar com esses e outros fatores nomeadamente o stress, o ruído e o consumo de cafeína”, avisou Elsie Taveras.