Depois de a pandemia da covid-19 ter obrigado ao encerramento de escolas em todo o mundo, as aulas ‘online’ foram a solução encontrada na altura para que os alunos continuassem a aprender. Agora, dois anos depois, esta escola internacional em Cascais recupera-as para as crianças e jovens afetadas pela guerra na Ucrânia.

A iniciativa é da St. Dominic’s International School, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, a Cáritas e a Cruz Vermelha internacionais, e o objetivo é que os alunos ucranianos que a guerra obrigou a fugir do país tenham a escola à distância de um clique, onde quer que estejam.

“Dentro das salas de aula já tínhamos o equipamento para dar aulas ‘online’ e os professores vão dar o seu tempo”, explicou à agência Lusa o reitor, Stephen Blackburn.

Lecionadas por professores da St. Dominic’s, as aulas começam depois da Páscoa e destinam-se sobretudo a alunos do pré-escolar ao secundário que ainda não tenham conseguido voltar à escola, quer estejam em Portugal ou noutros países. Mas não só.

“O projeto da telescola é mais direcionado para esse público, mas não impede que quem se queira juntar o possa fazer”, disse Viktoriya Dubchak, professora luso-ucraniana da St. Dominic’s.

Para os alunos que já consigam acompanhar a matéria em inglês, as aulas serão sempre naquele idioma, mas muitas terão de ser lecionadas em ucraniano e, por isso, a escola está também a recrutar pessoas para a ajudar na tradução e até a mãe de quatro alunos ucranianos que chegaram agora à escola se voluntariou para ajudar.

Por outro lado, entre os mais de 11 milhões de pessoas que já fugiram da Ucrânia, contam-se naturalmente muitos professores e alguns já procuraram a St. Dominic’s para recomeçar, adiantou Stephen Blackburn.

Já com dois professores na escola, estão em processo de recrutamento outros três. “Quando chegarem, também lhes vamos pedir ajuda para o projeto”, acrescentou o diretor, referindo que a iniciativa vai envolver até alunos mais velhos.

“A St. Dominic’s é uma escola internacional com um currículo internacional e o currículo que disponibiliza aos alunos é mesmo de algumas escolas da Ucrânia de onde estas crianças vieram”, referiu ainda Catarina Formigo, diretora pedagógica da instituição, considerando que essa semelhança é uma vantagem tanto para alunos como para professores.

Além das aulas ‘online’, a St. Dominic’s vai também abrir portas aos alunos ucranianos que já estejam matriculados noutras escolas do concelho para ajudar nas aulas de português, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais.

“Vamos disponibilizar uma atividade extracurricular em que os alunos vêm num horário pós-letivo para darmos aulas de português de atividades lúdicas que lhes permitam reforçar o desenvolvimento da língua”, explicou Viktoriya Dubchak, sublinhando que a escola, por ser internacional, sempre lidou com o desafio de ensinar português a estrangeiros.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.