Há lutas que vale mesmo a pena travar. Uma delas é a das marcas de cosmética que se opõem aos testes em animais e que lançam, no mercado, alternativas de elevada qualidade, que não sacrificam os pobres bichos. Os maus-tratos em animais têm ganhado cada vez mais notoriedade nos meios de comunicação social e nas redes sociais, provocando as mais variadas reações na população, na maioria das vezes negativas.
É do conhecimento público que muitas marcas de cosmética fazem testes em animais para observar os resultados e possíveis reações adversas que os produtos que criam possam ter. À exceção de empresas que declaram publicamente a sua política de não crueldade, muitas não expõem a sua postura sobre o assunto, o que dificulta a procura de marcas ecologicamente viáveis.
Mas nos últimos tempos o cenário tem mudado. Com tanta exposição e importância dada ao tema, têm surgido cada vez mais opções, ainda que raras, de cosméticos vegan, que não só não são testadas em bichos, como também são livres de matérias-primas de origem animal. Com tanta informação disponível tornou-se possível para as consumidoras descobrir quais as marcas que não testam os seus produtos em animais.
A melhor forma de saber se uma marca testa os seus produtos em animais
A forma mais óbvia passa por telefonar para o contacto gratuito disponibilizado pelas empresas para esclarecer as dúvidas dos consumidores a respeito dos seus produtos. A maioria delas indica este número na própria embalagem. O segundo método é verificar se as empresas têm uma política cruelty-free (sem crueldade), informação essa que é disponibilizada por algumas organizações não governamentais.
Certifique-se de que encontra uma fonte credível. A lista de produtos e marcas que não testam em animais, aprovados pelo HCS (Humane Cosmetic Standard), pode ser encontrada em Gocrueltyfree.org ou no site da PETA, a sigla da People for the Ethical Treatment of Animals em Features.peta. org, que disponibiliza listas atualizadas de multinacionais que testam os seus produtos em bichos e as que são cruelty-free.
Um exemplos a seguir
Desengane-se quem pensa que a Lush é apenas uma marca divertida que enche as nossas casas de banho com sabonetes em barra ou bombas de banho coloridas. Por trás da sua extensa oferta de cosméticos originais e fora da caixa, existe uma interessante história que se apoia na permanente luta contra testes em animais e que vai, certamente, apaixonar qualquer amante de beleza.
A marca, que já conta com duas décadas de existência, não só não testa os seus produtos ou ingredientes em animais, como não estabelece parcerias com qualquer fornecedor que faça testes em animais para qualquer propósito, seja ele cosmético, alimentar ou médico. De forma a garantir que este acordo é respeitado, «todos os nossos fornecedores têm de assinar uma declaração onde afirmam que respeitam e cumprem esta política».
«E estas declarações são-lhes enviadas todos os anos. Adicionalmente, toda a cadeia de fornecimento é vistoriada por um consultor independente para verificar se estão realmente em conformidade com a nossa política», afirmaram os representantes da Lush numa recente visita à redação da Saber Viver. Já desde os anos da década de 1970 que os fundadores da empresa estão envolvidos em movimentos contra o teste em animais.
Veja na página seguinte: A primeira empresa do mundo a marcar posição… há 20 anos!
As campanhas que têm sido feitas
A marca foi, portanto, fundada com base numa política muito forte e restrita que defende «Não aos Testes em Animais». A companhia já efetuou várias campanhas neste sentido, para substituir e pôr fim aos testes cruéis, desnecessários e completamente ultrapassados. Na perspetiva da marca, o teste de cosméticos em animais não só é desnecessário e não-ético, como também é cientifi camente duvidoso.
«Queremos saber se os nossos produtos são seguros para uso humano e, por isso, são rigorosamente avaliados e testados por um painel de voluntários humanos. Preferimos ingredientes naturais com uma longa história de uso em cosmética e, quando usamos ingredientes sintéticos, escolhemos aqueles com um registo de segurança aprovado», garantem.
A primeira empresa do mundo a marcar posição… há 20 anos!
The Body Shop é outro exemplo. «Todos os nossos produtos são produzidos sem crueldade e são de origem 100% vegetal. Fomos uma das primeiras marcas de produtos de beleza a recorrer a ensaios não-animal e o nosso compromisso mantém-se», lê-se no site de uma das marcas de cosmética mais conhecidas mundialmente, The Body Shop.
A The Body Shop foi a primeira empresa de cosméticos no mundo a marcar uma posição e tomar medidas contra os testes em animais na indústria de cosméticos e, por isso, a primeira empresa internacional certificada pela Humane Cosmetics Standard. A marca não testa em animais e todos os produtos contêm ingredientes de origem vegetal. Este princípio foi estabelecido em 1989 e marcou, desde logo, a posição da The Body Shop no mercado dos cosméticos.
Um objetivo muito ambicioso
Foi em 1996 que Anita Roddick, ativista e fundadora da The Body Shop, uniu esforços com a Cruelty Free International e com os seus parceiros e, em conjunto, apresentaram à Comissão Europeia uma petição com quatro milhões de assinaturas. A The Body Shop mantém a parceria com a organização como forma de chamar a atenção, à escala global, na luta contra os testes em animais na indústria de cosméticos.
Depois de mais de 20 anos, os pioneiros da campanha contra testes em animais, a marca The Body Shop e a organização sem fins lucrativos Cruelty Free International puderam, desde 11 de março de 2013, comemorar o fim dos testes de cosméticos em animais na Europa, com a proibição da importação e venda de cosméticos testados em animais.
No início de 2016, assumiu também o compromisso público de ser uma das empresas mais éticas e sustentáveis do mundo. «The Body Shop foi pioneira no que diz respeito a novas formas de pensar, atuar e fazer», justificou publicamente Jeremy Schwartz, presidente e CEO da companhia.
Texto: Joana Brito e Madalena Alçada Baptista
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