Um futuro mais sustentável para a moda e com uma maior consciência ambiental é o desafio a que muitas marcas se propõem. «Queremos ajudar as pessoas a expressar a sua personalidade, a sentirem orgulho na roupa que estão a vestir. Acreditamos num futuro melhor para a moda, que seja justo, sustentável e desejável em todos os sentidos, [um futuro em] que a qualidade a baixo custo possa ser vendida duma forma benéfica para as pessoas e para o ambiente», disse Karl-Johan Persson, CEO do gigante sueco H&M.
Na primavera/verão de 2015, a tendência generalizou-se e vimos na maioria das coleções materiais como a palha, a seda, o algodão orgânico, a juta, o cânhamo, as malhas e os tecidos tecnológicos. A moda sustentável, que prossegue no outono/inverno de 2015/2016, passou de uma simples tendência para um modo de vida e deixou o básico de lado, para procurar protagonismo nos desfiles por todo o mundo. Veja a galeria de imagens de roupas e acessórios amigos do ambiente.
A moda responsável encontrou o seu espaço entre os criadores e é, hoje, um rentável ponto de encontro entre as grandes marcas e a elegante consciência verde. A indústria de design sustentável, além dos tecidos inteligentes (menos agressivos para o meio ambiente), promove o comércio justo e a responsabilidade social. A produção de moda sustentável abraça, assim, o ideal de equilíbrio entre a natureza, a economia e a sociedade, para alcançar um novo consumidor, mais exigente e preocupado com as pegadas que deixa no planeta.
O que é a moda sustentável?
Sergio Rossi, o criador de calçado de luxo italiano, adepto desta tendência, lançou uma coleção de sapatos ecológica. Também conhecida por eco fashion, a moda sustentável visa a confeção de roupa que utilize matérias-primas ecologicamente corretas, que respeite as leis do trabalho, que leve em consideração o impacto da produção no meio ambiente e que garanta a cooperação entre o produtor e a comunidade local. Esta questão está a tornar-se essencial para várias marcas.
Outro dos gigantes verdes é a marca brasileira Osklen, com a coleção Amazon Guardians, que tem como principal objetivo convocar uma brigada humana contra a degradação do meio ambiente. Todas as peças de roupa são feitas em malha PET (malha ecológica produzida com fios de algodão reciclado e um percentual de plástico reciclado de garrafas PET) e latex natural da Amazónia. A marca brasileira utiliza mais de 20 tipos de materiais de origem reciclada, orgânica, natural e artesanal, como fibras de bambu e cânhamo.
O Brasil, que se quer tornar uma referência de desenvolvimento sustentável, já utiliza corantes naturais, produzidos através de pigmentos naturais de plantas e cascas de árvores. Mas o nome que mais se tem destacado na vertente eco fashion é o da criadora Stella McCartney. Entre as inovações das suas coleções, a designer não recorre ao uso das peles de animais. Na linha que criou para a Adidas usou tecidos de PET e algodão orgânico. As suas lojas são abastecidas por energia eólica, usa sacos em papel reciclado ou feitos de milho biodegradável.
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O (novo) fascínio pelo algodão orgânico
Quem também adota uma postura semelhante é a criadora inglesa Vivianne Westwood, a mãe do punk, que desenvolveu um manifesto em prol do consumo com qualidade e não em quantidade «Temos de comprar menos e cada vez melhor», defende. São vários os indícios de que a moda ecológica veio para ficar e, mais, surgem por todo o lado. Grandes marcas como Emporio Armani e Levi’s renderam-se à causa e lançaram linhas especiais de roupa em algodão orgânico.
A luxuosa Cartier lidera o programa mundial de certificação na exploração de pedras preciosas e a Tiffany & Co deixou de utilizar corais naturais no fabrico das suas joias. Os criadores perceberam que podem criar cores vivas e naturais, que não estavam antes presentes no arsenal de cores usadas pela indústria tradicional. O corante natural, além de esteticamente fascinante, não polui a natureza nem a água.
Na indústria tradicional, o processo de fixação das cores nos tecidos é realizado com o uso de metais pesados, prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Outra perspetiva possível para a viabilidade económica da moda sustentável é o aproveitamento do lixo como matéria-prima. Se as garrafas PET se transformam em blusas, a roupa reciclada ganha uma nova vida através do patchwork em casacos, vestidos ou saias.
A vitória do eco-friendly
O futuro da moda, do ambiente e da criação está na educação. Uma das mais prestigiadas escolas de moda do mundo, a Parsons The New School for Design, em Nova Iorque, tem como prioridade tornar a escola num exemplo de sustentabilidade e eco-friendly design. Entre os criadores famosos que estudaram neste reputado estabelecimento de ensino estão Donna Karan, Marc Jacobs e Tom Ford. Perfeitos desconhecidos para si, não são?
Texto: Margarida Figueiredo
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