A camada mais superficial da pele é formada por células que assumem uma barreira protetora e por gordura, constituindo uma espécie de cimento das células, permitindo que estas se mantenham coesas e que a pele fique menos permeável à perda de água, preservando a sua hidratação. «A capacidade de reter água é uma característica fundamental da pele», afirma David Serra, médico dermatologista.
Uma característica «que está intimamente relacionada com a função barreira deste órgão, que separa o nosso meio interno do meio externo, e permite manter o funcionamento do organismo em condições físico-químicas estáveis», esclarece o especialista. Quando a função barreira é afetada, como muitas vezes sucede, surge a desidratação, com todas as suas consequências.
A hidratação diária da pele permite evitar ou corrigir problemas relacionados com a desidratação cutânea que, de acordo com David Serra, incluem «desconforto, perda de elasticidade, sensação de repuxamento, comichão, descamação, tendência para desenvolver eczemas e dermatites, sendo estas últimas situações mais graves, que alteram muito a qualidade de vida e que podem ser crónicas».
Do ponto de vista estético, «para além do aspeto baço e descamativo e da textura áspera, numa pele desidratada há maior tendência para a formação de rugas», conclui o especialista português. Veja também a galeria de imagens com 30 truques de beleza que vão mudar a sua imagem e saiba quais são os nove alimentos que dão (mais) luminosidade à pele.
O papel da alimentação
De acordo com o médico dermatologista, aquilo que comemos não tem grande influência nos níveis de hidratação da pele, «a não ser que se esteja sob uma restrição calórica exagerada (dieta de emagrecimento) que favoreça a secura cutânea. É por isso aconselhado seguir uma dieta equilibrada e saudável». No caso da água, a sua ingestão não hidrata a pele. «É um mito muito difundido. Beber água é essencial quando está calor para manter o corpo hidratado, não a pele», refere David Serra.
O cosmético ideal
Para evitar a desidratação, o elemento principal é «garantir a presença de gorduras na superfície da pele, o que vai permitir que a camada córnea (a mais superficial) fique mais coesa, menos permeável e que a epiderme retenha água de forma adequada», afirma David Serra. Assim, a hidratação é proporcionada sobretudo pelos componentes lipídicos (gorduras), presentes nos cremes hidratantes, nomeadamente, «vaselina, parafina, glicerina, ácido hialurónico, óleos vegetais e oligoelementos minerais (presentes em águas termais)», enumera.
A hidratação deve, no entanto, ser adaptada ao tipo de pele, como explica o médico dermatologista. «Enquanto que, em peles muitos secas, deve utilizar-se um creme ou bálsamo muito rico em gorduras, numa pele normal, isto não faz sentido e pode mesmo ser contraproducente, podendo inclusivamente provocar acne, foliculites», refere ainda. Opte, assim, por texturas mais ligeiras à base de água.
Ritual de hidratação
Se a pele é seca, «pode haver necessidade de aplicar o hidratante mais do que uma ou duas vezes por dia, por vezes com composições que se complementem para maior eficácia. Também pode ter interesse adaptar as galénicas ao longo do dia, com texturas mais ligeiras para o dia e mais ricas para a noite», sugere o dermatologista.
Quem quiser aplicar o cuidado hidratante apenas uma vez por dia, então a melhor altura é logo após o banho. «Seque a pele com a toalha e aplique logo de seguida o creme, de forma a reter na epiderme parte da humidade residual que ainda permanece a seguir ao banho, o que representa um interessante bónus de hidratação», recomenda o especialista.
Erros a evitar
Se a sua pele é seca ou tem tendência a desidratar «evite banhos muito quentes e prolongados e o uso de secadores», recomenda David Serra. «É aconselhado consultar o dermatologista se a sua pele se apresentar alterada ou com sintomas (comichão, descamação, vermelhidão) ou se os cuidados hidratantes adotados não resultarem», afirma ainda o especialista.
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