É comum que existam expectativas sobre nós, mas ao longo do nosso crescimento é expectável que existamos cada vez mais de acordo com tudo o que somos e não de acordo com tudo o que sonham para nós. E é aqui que muitas vezes surgem as dificuldades, porque entre as expectativas dos pais, da sociedade e as nossas próprias expectativas é demasiado fácil perdemo-nos e deixarmos de seguir o nosso próprio rumo de vida, aquele que sentimos que é autêntico e que naturalmente flui de nós, para seguirmos o rumo de vida que consideramos que outros reconhecem como correto para nós.
Ora isto acontece porque vivemos mais focados no nosso exterior do que no nosso interior e, no limite, acontece porque temos medo. Medo de sermos rejeitados, medo de falharmos, medo de não sermos suficientes para todos aqueles que estão à nossa volta.
Crescer implica, naturalmente, dúvidas, experimentar diferentes papéis, avanços e recuos. E é quando exercemos uma força de bloqueio a tudo aquilo que realmente somos que paramos de crescer, que nos sentimos muitas vezes sufocados pelo mundo exterior e que facilitamos o nosso adoecer emocional.
É nestas circunstâncias essencial tomarmos consciência que, por muito que o ambiente à nossa volta nos queira levar a viver a vida que não queremos para nós, só a viveremos se compactuamos com esse ambiente. E a maior dificuldade não está em quebrar as barreiras das expectativas dos outros, mas sim as nossas próprias barreiras internas. Isto é, para vivermos a vida que corresponde à nossa verdade, muitas vezes precisamos de quebrar as nossas crenças, precisamos de nos permitir a arriscar, precisamos de deixar de fugir de nós próprios e cultivar a nossa segurança interna.
No limite, é essencial mantermo-nos conscientes que não é a família, a sociedade, ou os amigos que nos prendem às suas expectativas, somos nós que nos deixamos ficar presos a elas. Desta forma, por muito difícil que seja distanciarmo-nos dessas expectativas, devemos sempre focarmo-nos na nossa verdade e desenvolver a coragem que nos permite viver a nossa verdade, lembrando-nos que só vivendo a nossa verdade, podemos ter bem-estar emocional e sentirmo-nos completos.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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