Entre os pontos altos da temporada está a estreia do vanguardista estilista escocês Charles Jeffrey. E apenas quatro dos 79 eventos programados serão virtuais.
Nada substitui "a experiência ao vivo, a emoção, a expectativa, os aplausos, as 'top models' a desfilarem nas passerelles e a música a todo o volume", disse à AFP a consultora de moda Elisabetta Cavatort.
Com o intuito de apresentar as coleções masculinas para o outono-inverno 2023/2024, a semana de Milão começou esta sexta e vai até a próxima terça-feira (17). Serão 22 desfiles e 36 apresentações.
Segundo a especialista, as coleções vão.se concentrar em “peças da moda que durem”, enfatizando a importância do regresso do “slow fashion”, antítese da moda industrial, assim como “da sustentabilidade”.
Regresso da Gucci
A Gucci apresentou a sua primeira coleção desde a saída do seu emblemático diretor criativo Alessandro Michele, no final de novembro.
Enquanto aguarda a nomeação de um sucessor, o estúdio criativo da Gucci ficou responsável pela direção artística do desfile de Milão.
Foi um desfile minimalista com o qual a casa de moda quis destacar a “estética da improvisação”, como esta indicou. A coleção procurou inspiração no guarda-roupa masculino clássico apostando, porém, num toque mais subversivo.
A coleção misturou géneros e cores, combinando jeans gastos e blusas de lantejoulas com botas de salto verde, vermelho ou rosa.
Os modelos usavam casacos largos com ombreiras e saias longas, além de gorros de lã e malas retangulares à tiracolo.
Último diretor criativo da marca, Michele assumiu o cago em 2015 com a missão de recuperar as vendas, que estavam em persistente queda. Com as suas coleções ousadas, o estilista deu um novo fôlego à marca, uma das mais importantes do grupo Kering.
As peças estampadas e lúdicas fizeram as vendas da Gucci explodirem (+37%, em 2017, e +44%, em 2018) no início desta parceria. Nos últimos dois anos, porém, o seu crescimento desacelerou em comparação com os seus rivais.
"Resta saber se a saída de Alessandro Michele abrirá uma mudança de direção para a casa de moda" e se pavimenta caminho para "uma revolução em termos de estilo e sofisticação", acrescentou.
Versace ausente
Armani, Prada, Fendi, Dolce & Gabbana e Zegna estão entre as casas de luxo que apresentarão coleções masculinas na capital italiana da moda. Algumas estarão ausentes, como a Versace, que revelará as suas coleções masculina e feminina em Los Angeles, no dia 10 de março.
Apesar da guerra na Ucrânia e do impacto da crise energética, a moda italiana registou um aumento de 16% nas suas receitas em 2022, para 96,6 bilhões de euros.
"Este é o maior volume de negócios dos últimos 20 anos", declarou o presidente da Câmara Italiana de Moda, Carlo Capasa, na apresentação da Semana da Moda Masculina.
Embora as receitas tenham aumentado pela inflação, uma vez que os preços da moda italiana subiram em torno de 9% em 2022, essa subida é "um sinal positivo que fecha um ano marcado por eventos dramáticos e por tempos difíceis", afirmou Capasa.
As exportações de moda "made in Italy" aumentaram 18,7% nos primeiros nove meses de 2022, impulsionadas pelos Estados Unidos (+54,1%) e pelos países do Golfo (+50,8%).
O aumento das vendas para a China foi mais moderado (+18,8%), e as exportações para a Rússia caíram 26% após a invasão da Ucrânia.
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