
Nem sempre se sobe, mas manter-se já é, por si só, um feito. O Belcanto, restaurante do chef José Avillez, continua a ser o único restaurante português presente na lista dos “The World’s 50 Best Restaurants” — agora na 42.ª posição, segundo o ranking divulgado a 19 de junho, numa cerimónia realizada em Turim, Itália.
Depois de ocupar o 31.º lugar em 2024, a queda de onze posições em 2025 não diminui o significado da presença: estar entre os 50 melhores restaurantes do mundo é uma conquista excecional num universo em constante mutação, onde a inovação, a consistência e a notoriedade internacional contam tanto como o prato que chega à mesa.
O Belcanto abriu portas em 2012 no coração do Chiado, em Lisboa, e desde então tem sido protagonista de um percurso notável. Em 2014, foi o primeiro restaurante da capital a conquistar duas estrelas Michelin, marco que consolidou a ascensão de José Avillez como figura central da nova gastronomia portuguesa. Este ano conquistou ainda três Sóis no regresso do guia Repsol a Portugal.
Em paralelo com os elogios da crítica, o restaurante foi construindo uma linguagem própria: alta cozinha com identidade portuguesa, onde tradição e experimentação convivem com naturalidade. Esta presença no “50 Best” confirma não só o mérito do projeto, mas também o lugar de Lisboa no mapa gastronómico mundial.
“É com orgulho que representamos Portugal nesta prestigiada lista há vários anos. Ficámos muito contentes, porque se trata de um reconhecimento importante para o Belcanto, mas também para Lisboa e para o nosso país. A nossa cozinha, a nossa cultura e a nossa identidade têm tudo para brilhar no mundo. Este é um momento de celebração, mas também de motivação para continuar a sonhar, a criar e a fazer mais e melhor todos os dias.”, afirma Avillez, num breve comentário enviado à imprensa.
A ausência de outros nomes nacionais nesta lista volta a lançar a reflexão sobre a visibilidade da gastronomia portuguesa fora de portas. Ainda que o panorama seja hoje mais rico e diversificado do que há dez anos, o Belcanto continua a ser o único representante português entre os 50 melhores, o que lhe confere um peso simbólico extra.
O restaurante Maido, em Lima, lidera este ano a lista dos 50 Melhores do Mundo, subindo da quinta posição conquistada em 2024. No segundo lugar mantém-se o basco Asador Etxebarri, enquanto o Quintonil, na Cidade do México, fecha o pódio e reforça a presença latino-americana no topo da gastronomia mundial.
O que é, afinal, o '50 Best'?
Criado em 2002, o ranking “The World’s 50 Best Restaurants” é atualmente uma das referências mais influentes do setor. A seleção é feita por um painel de mais de mil votantes internacionais — entre chefs, críticos, jornalistas especializados e personalidades da gastronomia — com base nas suas experiências dos últimos 18 meses.
Ao contrário de outros sistemas de classificação (como o da Michelin), não existem visitas anónimas nem critérios fixos: é uma votação que valoriza a experiência global: cozinha, ambiente, serviço, narrativa, impacto. A lista muda todos os anos, e essa rotatividade constante torna a permanência um sinal de excelência sustentada.
A edição de 2025 decorreu em Turim, cidade italiana que substituiu Las Vegas como anfitriã do evento.
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