Moelas, iscas, língua de vaca, orelhinha de porco, a cozinha de travo petisqueiro e assumidamente lusa diz presente na carta do novo restaurante lisboeta, o Dom Roger. A casa, porta número 47F da Avenida da República, chega com ementa assinada pelo chefe de cozinha Vítor Sobral, também um dos sócios deste projeto. Restaurante que se assume sem complexos de cozinha de corpo e alma portuguesa. Voto a favor em casa com boa amplitude de cardápio, capaz de oferecer ao comensal um leque de pratos que vão dos clássicos lusos, como os bacalhaus à Brás (12, 5 euros) e à Zé do Pipo (14,5 euros), a entreténs de boca, como a Bifana clássica (3,5 euros) ou o tão nosso Rissol de camarão (2,2 euros).

“No tempo em que tanto se fala de sustentabilidade e desperdício alimentar, quis trazer para esta carta produtos que andamos a desmerecer mas que são matriz dos nossos comeres. Porque vamos ao talho buscar sempre as mesmas carnes esquecendo-nos das miudezas?”, reflete Vítor Sobral, chefe de cozinha com mais de 30 anos de carreira e que se junta connosco à mesa neste Dom Roger.

Fazendo ato daquilo que acaba de afirmar, Sobral convida-nos a provar moelas fritas, acompanhadas de uns pickles picados fininho, de cebolinhas e poejos (6,8 euros). Molho guloso, a pedir a intromissão do pão. “Cozemos todas as miudezas a baixa temperatura. Ficam tenríssimas”. Comprovamo-lo, também numas Iscas de porco de coentrada (4,8 euros), ferrosas quanto baste, com o sabor bem presente da marinada, onde não falta o dente de alho picado e o vinho. Uma vez mais, o pão de lavra da casa, a pedir licença para abusar do molho guloso.

É uma mesa portuguesa com certeza a do restaurante Dom Roger em Lisboa
É uma mesa portuguesa com certeza a do restaurante Dom Roger em Lisboa Polvo à lagareiro. créditos: Dom Roger

“Aqui não temos problema em servir miudezas, bem preparadas, a recordar-nos que tudo se aproveita no animal. A industrialização está a matar a comida. Veja o pão, sem tempo para fermentações”, sublinha o cozinheiro, mas também empresário Vítor Sobral, detentor de restaurantes como a Peixaria da Esquina, Talho da Esquina e Tasca da Esquina.

À mesa, uma nova leva petisqueira com uma laminada de língua de vaca de tomatada (6,8 euros), saborosíssima, com um picado de tomate e cebola a oferecer frescura ao prato, laminada e a recordar-nos que não é só de vazia e lombo que se fazem grandes pratos de carne. Como também a deixar boas recordações a orelhinha de porco, cortada fina, acompanhada com pimento, tomate, cebola e coentros.

Sobral atende uma chamada. “Um fornecedor de peixe. Há que saber ir à origem, estabelecer estas pontes com a fonte dos alimentos e eliminar uma enorme cadeia de distribuição que só nos afasta daquilo que comemos”, recorda-nos o chefe de cozinheiro.

É uma mesa portuguesa com certeza a do restaurante Dom Roger em Lisboa
É uma mesa portuguesa com certeza a do restaurante Dom Roger em Lisboa Joaquinzinhos fritos, açorda de tomate e coentros (prato do dia). créditos: Dom Roger

Peixes e mariscos que contam com lugar cativo da carta do Dom Roger, com pratos de bacalhau, como já vimos, aos quais se junta, uma vez mais, um elenco a pedir petisco: Berbigão, tomate e salsa (9,5 euros), Mexilhão de cebolada e poejos (8,5 euros), Atum corado, curgete e orégãos (9,2 euros), servidos com singeleza, Choco frito com limão e coentros a acompanhar com uma açorda de tomate e a reivindicar bis.

De resto uma ementa onde não faltam sugestões do dia. Na semana em causa com alguns pratos que nos dizem saudade à mesa, como os "Joaquinzinhos" com a dita açorda de tomate, as Pataniscas de bacalhau com arroz de tomate e a Vitela estufada à antiga com batatinhas e legumes (todas as opções a referidas a 10,50 euros).

Um espaço acolhedor, com vista para a Avenida da República, beneficiando de um amplo avançado coberto. Tal como a carta, a decoração não desmerece a alma lusa do restaurante, com apontamentos de tijolo, madeiras e azulejaria.

No que toca aos prazeres gulosos à boleia do açúcar, as opções configuram, uma vez mais, um rol assumidamente nacional. Ora vejamos: Salame de chocolate (3,5 euros), Leite creme queimado com açúcar de cana (3,8 euros), Farófias com creme de leite e baunilha (3,5 euros), Baba de camelo (3,2 euros) que, refira-se, se apresenta fofa e nada massuda como algumas congéneres. Quem quiser fazer o casamento entre o último capítulo da ementa e o ´cafezinho`, conta com o incontornável pastel de nata (1.2 euros)

Dom Roger

Av. da República, nº 47 F, Lisboa

Horário: 12h00 às 23h00 (todos os dias)

Contactos: tel. 211 555 849; e-mail geral@restaurantedomroger.pt

No que toca aos bebíveis, a carta de vinhos também se aconchega ao território nacional com referências de diferentes pontos do país.

Querendo fazer das sugestões de carta do Dom Roger uma refeição caseira, saiba que pode solicitar a entrega ao domicílio (na plataforma No Menu) entre as 12h00 e as 23h00, assim como take away.