
Lisboa tem, há muito, uma tradição de rooftops que combinam gastronomia, copos ao pôr do sol e vistas para a cidade. Entre esses espaços, o Mona Verde destaca-se por aliar cozinha mediterrânica e da América Latina, com uma atmosfera cosmopolita, onde se procura oferecer uma experiência que vai além do jantar convencional.
O espaço não é apenas um restaurante, é um lugar onde a herança mediterrânica de Joris Lemaire, um dos fundadores e atual CEO, e a cozinha da chef Inga Martin se cruzam com uma atmosfera contemporânea, resultando num lugar onde a permanência pode facilmente prolongar-se até à noite, entre sabores, sons e luzes da cidade.
Mas o Mona Verde parece ser mais do que um restaurante: Joris confidencia-nos que, para ele, é uma personagem. “Mona é uma mulher livre, jovem, que gosta da boa vida e que viaja sem fronteiras". E o espaço respira exatamente esse espírito.
Joris Lemaire tem ascedência italo-francesa, cresceu entre Nice e a Calábria, e transporta essa herança mediterrânica para Lisboa. Durante a pandemia regressou a França, às montanhas de Nice, onde abriu um restaurante que "funcionou muito bem" durante seis meses, numa experiência que serviu para ganhar um novo fôlego para voltar a Portugal. Depois de abrir o Boubou’s, no Príncipe Real, apostou no Mona Verde, que abriu em agosto de 2023. Após mais de um ano em atividade, o espaço encerrou para obras, reabrindo esta primavera. O resultado? Uma nova tenda que permite o seu funcionamento durante todo o ano, uma atmosfera renovada e ainda mais ambição.
O rooftop redesenhado pelo atelier Archer Humphryes Architects (os mesmos do Chiltern Firehouse, em Londres), tem agora uma cobertura em tons naturais, iluminação pensada ao detalhe e paisagismo renovado, onde o verde é cartão de visita. É uma espécie de refúgio tropical que tanto pode ser Lisboa como Nova Iorque, Buenos Aires ou Cidade do México.
Curiosamente, o Mona Verde fica no edifício da Embaixada da Dinamarca, e, apesar de não parecer a morada mais óbvia, entrar é um convite a descobrir um espaço com personalidade.
A cozinha, entre o fogo e a frescura
No menu, a chef executiva Inga Martin conduz uma viagem entre o sul da Europa e a América Latina. Uma das grandes apostas da cozinha é o elemento de fogo, que, nas palavras da chef, “deixa espaço para o produto brilhar. Acrescenta um sabor com um toque completamente diferente. Consegues sentir realmente o sabor do produto em si”. Trabalhar com fogo, reforça, “não é simples; exige preparação e conhecimento. Nós utilizamos um bom produto e cozinhamos de forma simples, para que ele se destaque por si só”.
O menu mistura tradições mediterrânicas com influências latinas de forma equilibrada: “São cozinhas distintas, mas consegues sempre encontrar esse equilíbrio de forma simples, porque muitos dos produtos usados na América Latina também funcionam aqui, e acabas por ligar a parte mediterrânica com a latina.”
Os pratos valorizam o contraste entre o cru e o cozinhado, o intenso e o refrescante, promovendo uma experiência de partilha: “Gosto que as pessoas partilhem momentos e sabores. Usar várias técnicas e texturas permite criar uma mesa diversificada, com diferentes tipos de produtos”.
O respeito pelos produtos nacionais e sazonais é outro pilar da sua cozinha: “O polvo vem do Algarve, o porco preto do Alentejo. Conseguimos fazer uma carta com sazonalidade e produto nacional, que é muito importante.”
Para Inga, o Mona Verde é também um desafio criativo. “Nunca tinha feito ceviches ou trabalhado com algumas das malaguetas que utilizo aqui. Todos os projetos novos dão-me vontade de aprender, porque gosto de criar coisas que ainda não existiam na minha cozinha. É isso que mantém a minha motivação”, diz.
No menu, destaque para os anticuchos, uma especialidade de street food peruana de espetadas marinadas que a chef reinterpretou com produtos portugueses: de cogumelos ostra com glacé e salsa verde (14€), aproveitando borras de café no cultivo, numa parceria com a NÃM ou o anticucho de lagartinhos de porco preto (16€). Espaço ainda para a burrata com tomate seco e cracker de manjericão (16€), os croquetes de borrego e maionese de citrinos (3 peças, 16€), marinados até 72 horas, o polvo grelhado, nduja e molho de pimentos assados, com rebentos de brócolos (28€) ou camarão tigre em molho de manteiga francês (35€).
Para adoçar, ganache de chocolate (10€), abacaxi em três versões (8€) e bolo de doce de leite servido como petit gâteau (12€).
Entre os pratos que Inga Martin recomenda a quem visita o Mona Verde pela primeira vez estão os anticuchos de cogumelos ostra, assim como os lagartinhos de porco preto, as tais recriações das espetadas peruanas de street food, e o polvo, mostrando como a cozinha mediterrânica e latina podem conviver de forma harmoniosa e criativa.
A carta de cocktails de assinatura completa a experiência com propostas arrojadas e com alma latina: o Call of Sunset (15€) mistura vodka, hibisco, chá rooibos e verjus finalizada com soda, o Anestesia (14€) que combina pisco, flor de jambu e matcha, numa viagem sensorial entre calor e tranquilidade, Braza (14€) que funde cachaça, coco e xarope de morango clarificado com um toque de tónica, Guapo (14€) que junta tequila e mezcal com jalapeño e goiaba e Mezlada (15€) que combina mezcal, ananás, creme de coco e lima.
Mas também o Mona’mour (14€) que traz vodka Belvedere, ginger beer, lima, espuma floral e borda com Tajín, Penicillin (15€), um clássico moderno de whisky com gengibre, agave e lima, Not a Pornstar (15€) que combina gin, maracujá, cardamomo, agave e lima, Solero (14€), que junta coco, maracujá e rum, ou SoLoa (14€) que combina líchia, morango e alperce.
Se a cozinha marca o compasso, a música dá a cadência. A curadoria musical é tão eclética quanto os sabores da cozinha, com uma programação desenhada para dar vida ao espírito Mona.
Às segundas e terças, as Mona Sessions criam uma atmosfera descontraída com grooves downtempo, chillout e deep house. Às quartas, os sons Velvet 90’s transportam os visitantes numa viagem nostálgica pelos ritmos suaves da era dourada da vida noturna de Nova Iorque, onde música, liberdade e festas icónicas definiam o cenário.
Às quintas, o Mona Vista Social Club assume o palco, celebrando ritmos sul-americanos com sons latinos suaves durante o jantar e DJ sets tropicais que mantêm a energia da noite, complementados por atuações regulares de músicos ao vivo. Já as Mona Sessions regressam ao fim de semana: às sextas com uma viagem pelo house e afro house inspiradas no deserto, e aos sábados com noites de disco.
Os domingos oferecem o Sunset Remedy, para encerrar o fim de semana com bossa nova ou atuações acústicas. Uma vez por mês, o ALUNA by Mona assume o protagonismo como evento de assinatura, combinando música, performances únicas e temas imersivos sob o espírito lunar de ALUNA.
No sétimo piso de um edifício na Rua Castilho, o Mona Verde não ambiciona ser apenas um restaurante e quer funcionar também como supper club, lugar de encontro cosmopolita, onde o copo ao pôr do sol pode facilmente transformar-se em noite longa. O supper club terá o nome de Mona Libre, reforçando a ideia de liberdade, convívio e experiências únicas.
Como resume o próprio Joris Lemaire na despedida: “venham amanhã com os vossos amigos ao fim do dia, beber um copo e aproveitar o pôr do sol.”
O SAPO Lifestyle esteve no Mona Verde a convite.
Comentários