Se é verdade que o turismo abriu Lisboa a novos mundos sem que fosse preciso sair do lugar, também é verdade que, por vezes, esse mesmo turismo exagera. Que o diga o elétrico 28, com filas dignas de um festival de verão.

As Bifanas do Afonso também convocam grande romaria de turistas (e não só porque há clientes que se mantêm fiéis). Se tem tanta fila é porque a qualidade assim o assevera, mas também é verdade que muita desta fama vem do excesso de conteúdo das redes sociais, com os criadores a querer furar os algoritmos com os imperdíveis e os segredos que ninguém conhece, até deixar de ser segredo.

A história desta casa começa em maio de 1975, na Rua da Madalena, quando José Torres Afonso abriu o Bar Covense e serviu, pela primeira vez, a agora icónica combinação de pão de água com carne de porco finamente laminada, temperada com vinho branco, banha, louro e alho. Meio século depois, e já sob a gestão de José Rodrigues, as Bifanas do Afonso continuam fiéis à receita original, servindo mais de 400 sandes por dia, figurando nas listas de melhores bifanas de Lisboa. No entanto, as filas diárias à porta não retiram o atendimento prioritário aos clientes de sempre.

Uma das bifanas mais famosas de Lisboa tem nova morada. Bifanas do Afonso abrem novo espaço em plena Baixa
Uma das bifanas mais famosas de Lisboa tem nova morada. Bifanas do Afonso abrem novo espaço em plena Baixa créditos: Divulgação

Agora, esse “segredo” bem conhecido ganha uma nova morada. O segundo quiosque das Bifanas do Afonso já abriu portas na esquina entre a Rua da Assunção e a Rua dos Sapateiros, dentro do espaço de restauração do Lisbon Art Stay Hotel, uma localização ainda mais central — e igualmente turística —, e uma imagem renovada. Podemos até considerar que este quiosque funciona como um pequeno oásis gastronómico numa zona onde os preços espelham a popularidade de Lisboa. Aqui, mantém-se o espírito, a autenticidade e os valores acessíveis, agora junto à Rua Augusta.

As bifanas continuam a custar 3€, há sopa do dia e salgados a 1,50 € e, pela primeira vez, é possível os clientes sentarem-se e pedir à mesa, ao contrário do espaço original, com o prato a figurar na carta do restaurante do hotel. O objetivo? De acordo com os responsáveis é levar a verdadeira gastronomia portuguesa, sem pretensões, a um espaço que quer ser referência no turismo mais criativo e urbano da capital.

“Quando decidimos reformular o conceito do restaurante, optámos por aquilo que melhor representa a nossa cultura: a gastronomia tradicional portuguesa. A colaboração com as Bifanas do Afonso, ícone dos sabores lisboetas, surge naturalmente nesta nova fase do Lisbon Art Stay”, afirma Francisco Remondes, representante do grupo, em comunicado.

O quiosque funciona das 8h às 18h. A esplanada e o restaurante prolongam-se até às 23h. E agora que o segredo já não é segredo, resta decidir qual das localizações visitar.