Conhecida como uma das castas dos vinhos generosos da Madeira, a Verdelho tem viajado nos últimos anos, encontrando-se atualmente presente nos Açores, um pouco por todo o Portugal, na Austrália, Argentina e Espanha.
A casta Verdelho foi exterminada de Portugal continental durante o período da Phyloxera na Europa, sobrevivendo na Madeira e nos Açores, mas foi reintroduzida em Portugal há cerca de 20 anos atrás.
Verdelho, das ilhas para o continente
O mistério é mesmo a origem geográfica da casta. Mas o mistério à volta do Verdelho é adensado pelos enganos nas novas plantações e pelas castas que tendo nomes parecidos são completamente diferentes, como Verdejo ou Verdello. Em Portugal, as designações ‘Gouveio’ e ‘Verdelho’, aplicadas a castas de uva para vinho, originam alguma confusão, com prejuízo na plantação de novas vinhas. Embora alguns autores considerem ‘Gouveio’ e ‘Verdelho’ como designações sinónimas da mesma casta, este facto não é verdadeiro, existindo duas castas distintas identificadas por estas duas designações. Enquanto o Verdelho, enologicamente é usado num vinho de base de espumante ou na produção de um vinho generoso de qualidade muito elevada, o Verdejo de Rueda é uma das melhores castas para produção de vinho de mesa em zonas quentes.
Desde 2005 que a confusão foi desfeita, com varas do verdadeiro Verdelho, a serem trazidas da Madeira. Mas o que todos os enólogos concordam é que o Verdelho dá vinhos inconfundíveis, nomeadamente por uma acidez marcada. Aliás, é essa uma característica distintiva nos vinhos da Madeira e dos Açores que se baseiam em Verdelho. Parecem assim resolvidas as questões de falsa identidade e tudo leva a crer que a expansão do Verdelho continue em cada vez mais regiões do país.
Com boa capacidade de adaptação a climas quentes, o Alentejo parece ser o berço ideal para os seus vinhos. Quer na produção de vinhos secos, meio secos ou espumantes a casta tem vindo a ganhar, a cada dia, um maior número de adeptos, pelos seus vinhos estruturados, equilibrados de acidez vibrante.
Escolhi este VERDELHO DA PECEGUINA Branco 2013, um vinho elegante e perfumado, flores do campo, frutos tropicais, citrinos maduros, especiarias. Na boca revela-se encorpado, e sobressaem notas de fruta tropical com um toque vegetal que lhe dá carácter e garra, a boa acidez equilibra e prolonga o conjunto.
Depois da época da filoxera, o cultivo da casta Verdelho decresceu na ilha da Madeira, no entanto ainda hoje continua a ser utilizada na produção de vinhos de mesa e generosos. Os vinhos da Madeira elaborados a partir da casta Verdelho são meio secos e de aromas delicados.
É o caso deste BARBEITO 10 Anos Verdelho, desenhado pelo enólogo Ricardo Diogo, que estagia em Canteiro durante 10 anos em cascos de carvalho francês. Apresenta-se de cor brilhante, levemente dourado com notas cítricas, florais e mel. De textura macia, com corpo e gordura, uma leve untuosidade, acidez viva e final longo.
Excelente como aperitivo, com presunto, paté ou até pratos de pasta com amêijoas, hoje vamos tentar harmonizá-lo com esta Sopa de Cebola Gratinada. Arriscado? Veremos…
José Faria
Sommelier OUT OF THE BOTTLE
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