À conversa com o SAPO Lifestyle, Joana antecipa aquilo que será a sua presença frente às câmaras no “O da Joana”, no canal temático de televisão 24Kitchen. A atriz e apresentadora promete um programa que é “muito mais do que apenas a execução de um aglomerado de receitas”. Sobre a bancada estarão ingredientes aos quais não será alheia as origens alentejanas de Joana e o restaurante dos pais onde, como nos revela a apresentadora, “aprendi quase tudo o que sei sobre ética alimentar, sustentabilidade, sazonalidade, responsabilidade”.
Do risoto de camarão e lima, empada do Monte Alentejano, peixinhos da horta com creme de caju, ao lombo de porco doce com arroz árabe e bolo de castanha com calda, as receitas que a Joana vai preparar no seu novo programa de televisão são simples, sempre com o seu tão característico toque “Uau”.
“Como de tudo, provo de tudo, porque acho que a melhor forma de estar e de ser no mundo da alimentação é precisamente esta, sem excluir”, sublinha Joana, recordando-nos que a palavra de ordem é “reaproveitar” e aprender "a utilizar os ingredientes que temos no frigorífico, para contrariar o desperdício alimentar".
Para Joana, cozinhar é um superpoder que “permite ser independente e autónoma no que respeita à alimentação”.
A Joana estreou-se há uns anos na cozinha com um livro de receitas para crianças. O que quis trazer de novo a esta área? Descomplicar numa época em que a nutrição se tornou uma espécie de labirinto?
Sim, é mais ou menos isso. Para mim o importante é sublinhar que aquilo que se aprende tradicionalmente, em casa, pode ser uma boa base para se começar a experimentar na cozinha, e que a nutrição associada faz algum sentido. Ou não. E por aí adiante.
Aquilo que se aprende tradicionalmente, em casa, pode ser uma boa base para se começar a experimentar na cozinha.
Joana, no livro que publicou no seguimento da participação no programa de Cristina Ferreira dizia-nos que “reúne receitas sem coesão”. É o que podemos esperar na sua primeira série de culinária “O da Joana”? Ou seja, no fundo é aquilo que faz a cozinha caseira…
O da Joana no “24Kitchen” nasce do livro homónimo, por isso é expectável que se executem as receitas do livro. Porém o programa é muito mais do que apenas a execução de um aglomerado de receitas. E como diz a Mariama [Barbosa] "(...) e mais não digo (...)".
A Joana divide a sua atividade como atriz, argumentista, apresentadora. Para si, a cozinha é um pouco de tudo isto?
Claro. É um espaço de criação, de reflexão, onde decoro texto.
A cozinha também é para a Joana uma memória da juventude, o restaurante dos seus pais. Divertia-se naquela cozinha?
Divertia-me muito. Aprendi muitíssimo do que sei naquela cozinha, e também aprendi nessa cozinha quase tudo o que sei sobre ética alimentar, sustentabilidade, sazonalidade, responsabilidade, sobre como é maravilhoso cozinhar para alguém e sobre a importância disso, sobre praticamente tudo. Ensinou-me técnicas, claro, cooperação, espírito de equipa, rapidez. Tenho muitas saudades desse espaço, há que dizê-lo.
Porque é que a Joana nos diz que cozinhar é um superpoder? Prende-se com a química dos alimentos e a capacidade de os transformarmos?
Cozinhar é um superpoder porque nos capacita. Permite, com base na resposta à primeira pergunta, até, manipular a forma como nos alimentamos, e acho que isso é, por si só, um superpoder que permite ser independente e autónoma no que diz respeito à alimentação, esta parte central e essencial à vida, que influencia tudo o resto. A maioria das vezes esquecemo-nos dos magníficos poderes que utilizamos no quotidiano, e cozinhar é um deles.
Cozinhar é um superpoder porque nos capacita. Permite, com base na resposta à primeira pergunta, até, manipular a forma como nos alimentamos.
Quer revelar-nos algumas das receitas que vai trazer para o seu programa no 24Kitchen?
Recomendo vivamente uma vista de olhos pel'"O Da Joana".
As suas raízes alentejanas vão chegar a esta mesa?
Naturalmente.
Dietas Light, Paleo, Low Foodmap, tanto quanto sabemos causam-lhe alguma irritação. Estão banidas das suas receitas?
Que eu saiba não há nenhum tipo de receita ou dieta que me cause irritação, posso não a compreender, mas é só isso. Como de tudo, provo de tudo. A melhor forma de estar e de ser no mundo da alimentação é não excluir. Nas minhas receitas, bem como na cozinha tradicional em que me eduquei, a alentejana, há receitas vegetarianas, veganas, paleo, sem a necessidade de terem um rótulo ou de excluir. Eu olho para as receitas como templates customizáveis à medida de todos os regimes e dietas.
Ainda nas irritações, há algo que a tire do sério neste novo mundo dos restaurantes e chefes de cozinha?
Respeito a diversidade e a divergência, bem como a possibilidade de se estar a ser noutros contextos, com outras intenções. Acredito que é aqui que reside a riqueza do nosso panorama gastronómico, não em pretensos conflitos.
Não há nenhum tipo de receita ou dieta que me cause irritação, posso não a compreender, mas é só isso.
Joana, imagine que chega a casa, sobre a hora do jantar e tem de preparar uma refeição em 20 minutos (e agradar aos miúdos). O que lhe ocorre de imediato?
Bom, este cenário é altamente improvável, mas imaginando que sucedia, o primeiro passo seria verificar se há legumes para saltear e cozinhar um arroz rápido com frutos secos, ovos escalfados. É muito fácil.
Se tivesse de convidar uma figura pública, cozinheiro/a ou não, para o seu novo programa quem seria e porquê?
Adorava ter um programa com a Noélia Jerónimo [Restaurante Noélia e Jerónimo, em Cabanas, no Algarve].
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