Em “Coisas que eu sei” (edição Oficina do Livro), a gastrónoma Maria de Lourdes Modesto reflete sobre as heranças da cozinha tradicional portuguesa. A autora resgata sabores e odores da sua infância e partilha um conjunto de receitas com história (entre as quais, a dos Crepes Suzette e a das Areias de Cascais), receitas incontornáveis (como Arroz Doce, Pudim Flan ou Marmelada) e receitas e saberes em torno de pilares da nossa alimentação: a sopa, ou o triunfo das virtudes; as oportunas saladas; o pão que faz a diferença; os “frutos” que o mar nos dá; a laranja que espalhámos pelo mundo; o tomate, uma delícia estival; o mel, um tesouro; o figo; a castanha; o iogurte; o gengibre; a curgete; entre outros.
“Para o bem e para o mal, Portugal vive um momento de grande euforia gastronómica. Se é verdade que hoje, ao contrário do que acontecia há 50 anos, já é possível encontrar na restauração cozinha tradicional em todo o país, não é menos verdade de que o risco de desfiguração e perda se tornou superlativo”, refere Maria de Lourdes Modesto na apresentação do seu novo título.
“Não pensem que têm pela frente a padeira de Aljubarrota da cozinha tradicional, inflexível a qualquer mudança. Apenas se pede que separem as águas — a chamada cozinha de autor não tem memória, é por regra, irrepetível. A tradicional é fator de identificação de uma região, de um grupo, de um país, e quer-se bem copiada”, sublinha a autora.
O livro que já se encontra em pré-venda nas livrarias online (19,71 euros) chega aos escaparates a 25 de maio com o preço de 21,90 euros.
Nascida em 1930, Maria de Lourdes Modesto iniciou a sua carreira televisiva em 1958. Na RTP apresentou um programa de índole cultural para, mais tarde, ao longo de 12 anos, apresentar um popular programa culinário. Foi a primeira cozinheira a ter um programa no horário nobre da televisão portuguesa.
O sucesso do formato, que partia da sua paixão pela cozinha alentejana, levou-a a alargar horizontes e a estudar a culinária francesa e as tradições gastronómicas portuguesas.
Conhecida como “A diva da gastronomia portuguesa”, Maria de Lourdes Modesto, colheu honras e louros nos mais variados palcos. O gastrónomo José Quitério aclamou-a como “uma das cada vez mais raras Guardiãs do Fogo”. Por seu turno, o jornal norte-americano “New York Times” chamou-lhe, num artigo de 4 de março de 1987, “Portugal's Julia Child” (famosa cozinheira norte-americana). Também o jornalista e cronista Miguel Esteves Cardoso, na sua coluna “Ainda Ontem”, a louvou como «Uma das três grandes génios nascidas no século XX [em Portugal]”.
Em 2004, Maria de Lourdes Modesto foi nomeada Comendadora da Ordem do Mérito. Adepta da simplicidade na cozinha, a gastrónoma foi também uma das primeiras divulgadoras da alimentação saudável, tendo apresentado um programa de TV dedicado a esta área. Muito antes disso chegou a dar aulas de culinária no Liceu.
Entre os muitos títulos com autoria de Maria de Lourdes Modesto, estão a “Grande enciclopédia da cozinha”, “Cozinha tradicional Portuguesa” - o livro de culinária mais vendido em Portugal, “Receitas escolhidas”, “Sabores com história – Alimentos, preceitos e mais de 60 receitas” e “Cogumelos - Do campo até à mesa”.
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