O principal objetivo do estudo "Pork Meat Composition and Health: A Review of the Evidence" (que pode ser consultado aqui) passou por estabelecer o seu possível impacto na saúde e discutir a presença da carne de vaca como opção num padrão alimentar sustentável e saudável.
Para tal, as investigadoras da faculdade Egas Moniz, Filipa Vicente e Paula Pereira, fizeram uma análise exaustiva da evidência científica sobre vários aspetos da carne suína, desde a composição nutricional de vários cortes ao perfil sustentável da mesma. Apesar do consumo de carne, principalmente carne vermelha, estar associado a um aumento de doenças cardiovasculares ou cancro, as autoras mostraram que nos ensaios clínicos em que se inclui a carne de porco dentro de um padrão alimentar saudável, foram observadas algumas melhorias em diversos fatores de risco de doenças cardiovasculares.
Descreve a equipa de investigadores na introdução ao estudo: “A carne faz parte da dieta humana há séculos e é uma fonte reconhecida de proteínas de alto valor biológico e de vários micronutrientes (...) A carne suína contribui com 30% de toda a carne consumida no mundo e oferece um perfil nutricional distinto; é rico em proteínas de alta qualidade, vitaminas do complexo B e minerais essenciais como zinco e ferro, embora contenha níveis moderados de gordura saturada em comparação com a carne bovina. Além disso, pesquisas sobre sustentabilidade apontam vantagens do consumo de carne suína por se tratar de um animal não ruminante e estar incluído em um dos cinco padrões alimentares mais sustentáveis”.
Segundo Paula Pereira, investigadora da Egas Moniz School Of Health and Science, “a carne de porco é frequentemente negligenciada pela ideia de que tem mais gordura, mas isto no entanto é uma generalização. Certos cortes de carne de porco, como o lombo, têm menos gordura do que a carne de vaca e teores muito similares à percentagem de gordura do frango ou do peru. Adicionalmente, por não ser um animal ruminante, a inclusão de carne de porco numa alimentação equilibrada está demonstrada como sendo um padrão alimentar sustentável – mesmo um dos cinco mais sustentáveis, a par da própria alimentação vegetariana. Trata-se de um alimento incluído na também conhecida Dieta Atlântica, que tem vindo igualmente a demonstrar efeitos protetores para a saúde humana.”
De futuro, as investigadoras reforçam a necessidade de investigação adicional para procurar demonstrar que a carne de porco, estando dentro de um padrão alimentar equilibrado, proporciona vantagens nutritivas, ainda que dependendo do corte escolhido, da forma de confecionar, da porção servida e da frequência com que é incluída na alimentação.
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