Madrid acolheu na noite de 14 de dezembro a cerimónia online de anúncio das Estrelas Michelin para Espanha e Portugal 2021. O nosso país conta, agora, com 35 Estrelas Michelin, repartidas por sete restaurantes com duas estrelas (“uma cozinha excecional, vale a pena o desvio”) e 21 estabelecimentos com uma estrela (“uma cozinha de grande fineza, compensa parar”).
Face a 2020, o nosso país passa a somar em 2021 mais duas estrelas, com as entradas dos restaurantes 100 Maneiras (chefe de cozinha Ljubomir Stanisic) e Eneko Lisboa (do chefe de cozinha basco Eneko Atxa), de acordo com o anunciado a partir das 19h00 na Real Casa de Correos, na capital espanhola.
Recorde-se que Portugal partiu para a gala deste ano com sete restaurantes com duas estrelas Michelin, uma vintena de casas com uma estrela, tal como noticiado aqui.
Como previamente anunciado pela gestão do Guia para Espanha e Portugal, foi atribuída uma nova distinção, a Estrela Verde, que premeia os restaurantes pela sua sustentabilidade. Desta feita, as 21 distinções couberam ao país vizinho, com Portugal arredado da atribuição dos galardões respeitantes às boas práticas ambientais.
De acordo com Gwendal Poullennec, Director Internacional dos Guias Michelin, "a sustentabilidade está no coração da publicação. Os nossos inspetores estão atentos às boas práticas ambientais e para as destacarmos criámos a Estrela Verde, já implementada em 13 países e agora também em Espanha e Portugal".
Portugal continua sem ter nenhum restaurante com a classificação máxima do Guia Michelin, que este ano também manteve o número de três estrelas em Espanha - 11.
Entre as novidades em Espanha, subiram à categoria das duas estrelas três restaurantes – Bo.TiC (Corçà, Girona), Cinc Sentits (Barcelona) e Culler de Pau (O Grove, Pontevedra) – e 19 alcançaram a primeira estrela.
Na edição de 2021, Portugal ganha duas novas primeiras estrelas e perde a estrela do restaurante São Gabriel (Almancil), que anunciou o seu encerramento no final de 2019.
A primeira estrela para Ljubomir
"É uma conquista depois de um ano especialmente difícil, de carência, de luta, de fome. É um prémio que sabe a champanhe e caviar num ano de pão e água", afirmou à Lusa Mónica Franco, mulher e assessora de Ljubomir Stanisic.
No início de dezembro, Ljubomir Stanisic, 42 anos, fez uma greve de fome de quase uma semana, em frente ao parlamento, no âmbito do Movimento “Sobreviver a Pão e Água”, que pretendia ser recebido pelo Governo para debater soluções para o setor da restauração e similares, face ao impacto causado pela pandemia de COVID-19.
Ljubomir, natural do território da atual Bósnia e Herzegovina, abriu o primeiro restaurante em Portugal em 2004. Em 2009, inaugurou o Restaurante 100 Maneiras, no Bairro Alto, com um menu único de degustação e, em 2010, o Bistro 100 Maneiras.
Em 2017, tornou-se cara bem conhecida do público graças ao seu papel na versão portuguesa de “Kitchen Nightmares” ("Pesadelo na Cozinha"). Já em 2019, inaugurou o seu novo 100 Maneiras.
Por seu turno, o chefe de cozinha Eneko Atxa, 43 anos, conta agora com seis estrelas, repartidas pelos restaurantes Azurmendi (três estrelas), assim como uma estrela nas casas Eneko e Eneko Bilbau e a nova estrela na capital portuguesa. À exceção de Lisboa, todos os outros restaurantes do chefe de cozinha espanhol situam-se no País Basco.
No total, o Guia Espanha e Portugal 2021 contempla 11 restaurantes com três estrelas (inalterados em relação a 2020), 38 com duas estrelas (três novos) e 203 com uma estrela (21 novos).
Bib Gourmand e O Prato Michelin
Noutra categoria do Guia Michelin, os Bib Gourmand ("uma ótima relação qualidade/preço"), há cinco novidades em Portugal: Avista (Funchal), CHECK-In Faro (Faro), O Javali (Bragança), O Frade (Lisboa) e Semea by Euskalduna (Porto).
No conjunto dos dois países, há 53 novos restaurantes nesta categoria, perfazendo um total de 300 estabelecimentos.
Há ainda 105 novos estabelecimentos que recebem a distinção O Prato Michelin, uma categoria lançada em 2017 e que “constata uma cozinha de qualidade e representa um reconhecimento do trabalho e serviço oferecido nessa casa”. No total, há 880 restaurantes na Península Ibérica com esta classificação.
Ainda antes da cerimónia, a diretora de comunicação e marcas da Michelin, Mónica Rius, citada pela agência Lusa, assegurou que o inspetor-chefe “José Vallés e a sua equipa de inspetores foram capazes de assegurar a seleção de 2021 em circunstâncias tão adversas como as deste ano”.
“Foi um trabalho de campo sem precedentes, com o objetivo único de não faltar ao nosso encontro anual com os nossos leitores, e de apoiar um sector estratégico tão castigado pela pandemia”, referiu.
As galas de lançamento do Guia Espanha e Portugal realizam-se anualmente desde 2009, quando foi lançada a centésima edição do guia ibérico, decorrendo em cidades diferentes, quase sempre em Espanha. Lisboa acolheu a cerimónia em novembro de 2018.
Portugal tem restaurantes no guia Michelin desde 1910, ano da primeira edição da publicação no nosso país. No ano de implantação da República chegavam às páginas do Michelin os restaurantes Santa Luzia (Viana do Castelo) e Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Em 1929, o nosso país contava com dois restaurantes com uma estrela, o Santa Luzia (Viana do Castelo) e o Hotel Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Por sua vez, em 1936 Portugal tem o seu primeiro restaurante com duas estrelas, o Escondidinho, na Invicta. Em 1974, ano da Revolução, Portugal via quatro restaurantes galardoados com uma estrela: Portucale (Porto), Pipas (Cascais), Aviz e Michel (ambos em Lisboa).
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