No início de junho, a imprensa britânica dava conta do novo restaurante sensação em Londres: a Taberna do Mercado, um local despretensioso especializado em cozinha portuguesa, situado no Old Spitalfields Market.
O Telegraph punha a hipótese de ser a cozinha portuguesa a próxima grande tendência; a Time Out descrevia a forma como os pratos portugueses clássicos eram adaptados a novas técnicas e ideias; o Bloomberg louvava o talento de um chefe que mais que ser admirado, quer agradar aos convivas.
É claro que a legião de seguidores que já conhecia o trabalho de dez anos de Nuno Mendes nos míticos Bacchus, The Loft Project, Viajante e Chiltern Firehouse (do qual continua a ser chefe de cozinha) ajuda no passa-palavra. Mas este novo projeto marca a diferença. Na Taberna do Mercado, Nuno Mendes regressa às origens, recriando sabores regionais (com destaque para o Alentejo), dando um novo significado aos rissóis e mostrando as maravilhas da doçaria portuguesa. A aposta é feita nos petiscos, mas a abertura do espaço para pequeno-almoço promete abrir os olhos (e as bocas) aos apreciadores da boa mesa.
Este ano, Nuno Mendes volta a presidir ao Chefe Cozinheiro do Ano e elogia a cada vez maior utilização de produtos portugueses nas receitas dos concorrentes. Falámos com o chefe na apresentação do concurso.
A Taberna do Mercado tem aparecido em toda a imprensa britânica. Como está a correr a experiência?
Na realidade a Taberna é aquela realização de um sonho enorme que já tinha tido há muitos anos. Conseguir fazer um restaurante português, com nome português, que mostre produtos portugueses. É um “portalzinho” para as pessoas que estão a viver em Londres satisfazerem a curiosidade sobre o nosso país. Está a ser incrível. Estou muito orgulhoso e muito surpreendido com a receção que temos tido, porque não calculava. É uma coisa nova, feita de uma forma barata mas a nosso gosto, e as pessoas adoram! Foi muito bem recebido. Temos uma identidade portuguesa muito forte, com mármore de Estremoz, pratos da Vista Alegre e Costa Nova, a textura da cortiça. Acho que os clientes que lá vão, tanto portugueses como não portugueses, sentem que estão num espaço português, a celebrar Portugal, mas não daquela maneira pastiche.
Quais têm sido os pratos mais pedidos?
Os petiscos… mas começámos agora no pequeno almoço, temos servido pastéis de nata e a nossa ideia de pastelaria portuguesa [o pão de ló tem sido uma referência constante]. Os petiscos estão a ter muito sucesso, os nossos rissóis são um bocadinho diferentes, talvez, nos temperos e na preparação. Mas todo o menu tem sido muito bem recebido. Por exemplo eu passei muito tempo no Alentejo e os sabores do Alentejo são os que mais me tocam. Temos muitos pratos que fazem referência ao Alentejo. Começámos a fazer as nossas conservas de peixe, que é muito interessante, uma produção pequenina mas com pernas para crescer. Temos a nossa versão de pregos e bifanas, charcutaria… É a nossa mistura entre pratos mais tradicionais ou típicos de uma certa região e uma cervejaria que serve coisas rápidas para comer e andar.
Londres é uma das cidades mais importantes do mundo a nível gastronómico. Há muitos cozinheiros portugueses a ir para Londres para aprender mais?
Vão muitos. Sempre tive muitos portugueses a visitar e a trabalhar, tanto no Chiltern Firehouse como aqui, e no Viajante antes. É sempre agradável. Vêm com ideias, com aquela expetativa de experiências novas, de mundos novos… tentamos tratar bem deles, acolhê-los bem e criar uma família interessante e divertida.
Ana César Costa
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