Cerca de 1,1 mil milhões de jovens em todo o mundo estão em risco de perder a audição devido a exposição sonora insegura, segundo os dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Deparamo-nos a todo momento com pessoas nas ruas, parques, transportes públicos, ginásios e em muitas outras situações do nosso dia-a-dia a usarem seus smartphones, colunas de som portáteis e diversos outros dispositivos sonoros que, muitas vezes, estão acompanhados do uso dos auriculares em volumes tão altos que conseguimos dançar sob o som da mesma música.
A OMS estima que 50% dos jovens, entre os 15 e 35 anos, escutam níveis inseguros de som através dos seus dispositivos pessoais e que, aproximadamente 40% deles estão expostos a níveis sonoros potencialmente prejudiciais em discotecas, bares, festivais musicais e eventos desportivos.
Lesões irreversíveis
O som é medido por uma escala logarítmica em decibel (dB), portanto um valor sonoro que aumenta 3 dB, corresponde a um aumento de 50% no nível de pressão sonora. Geralmente, conversas normais em um ambiente silencioso correspondem a um nível sonoro entre 40 a 50 dB, o som do aspirador de pó ligado pode chegar a 60 dB, o som do helicóptero, das músicas em discotecas e nos festivais musicais podem atingir níveis superiores a 100 dB, e outros sons, como os de um avião ou um tiro por arma de fogo, podem ultrapassar o valor de 120 dB.
A perda auditiva induzida pelo som pode ser causada por uma única exposição a um som intenso como, por exemplo, um tiro por arma de fogo ou por exposições continuas acima dos 85 dB. As lesões provocadas por estas exposições sonoras intensas ou contínuas são irreversíveis, pois afetam as células ciliadas do ouvido e/ou do nervo auditivo, que são extremamente sensíveis e incapazes de se regenerar.
Apesar de não haver cura para a surdez induzida pela exposição sonora, há diversos tratamentos para a quase totalidade dos tipos de surdez, que abrangem desde do uso de medicação, à utilização de dispositivos externos e internos, ou a realização de cirurgia.
Os principais sintomas que podem surgir após a exposição a sons intensos são a sensação de ouvido tapado, a presença de zumbido, a dificuldade em entender conversas normais no telefone ou em ambientes ruidosos e até mesmo a surdez súbita. Além disso, a exposição contínua a sons muito intensos está associada a um maior nível de irritação, distúrbios no sono, aumento do risco de doenças cardiovasculares e a diminuição das habilidades cognitivas, afetando principalmente a aprendizagem nas crianças.
E como podemos nos proteger?
- Mantenha o volume baixo dos seus dispositivos sonoros, procure utilizar níveis seguros de som, que geralmente correspondem ao volume intermédio nos diversos dispositivos eletrónicos.
- Se usa auriculares, certifique-se que consegue ouvir os sons de alerta ao seu redor e que outras pessoas próximas de si não estão a ouvir o som emitido pelo seu dispositivo.
- Fique longe das colunas sonoras nos festivais musicais, festas e eventos, sons muito intensos podem provocar surdez súbita, portanto prefira lugares mais distantes ou em direções contrárias as colunas sonoras.
- Limite o tempo utilizado em atividades sonoras intensas, como em festivais musicais, eventos desportivos e o uso de auriculares, opte por não ultrapassar mais de 1 hora por dia exposto a esses sons e descanse os seus ouvidos permanecendo em ambientes silenciosos, sempre que possível.
- Fique atento aos sinais da perda auditiva, a presença de zumbido, a dificuldade em ouvir sons agudos, entender conversas no telefone e acompanhar conversas em ambientes ruidosos são um alerta para procurar a ajuda de um especialista.
- Use aplicações de monitoramento dos níveis sonoros no seu smartphone, há diversas aplicações gratuitas que medem o nível do som ambiente, ou até ajudam a avaliar o seu nível de audição, como a aplicação HearWho disponibilizada gratuitamente pela OMS.
- Faça check-ups regulares da sua audição com o seu médico.
Portanto, a música alta não faz mal apenas aos ouvidos, mas à nossa saúde no seu todo. Proteja-se e consulte o seu médico.
Os conselhos são de Tammy Messias Takara, Médica Interna de Saúde Pública, e Guilherme Carvalho, Professor e Médico Especialista em Otorrinolaringologia.
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