Ser mulher implica um sem fim de exigências que nem sempre são fáceis de conjugar e que, muitas vezes, testam o seu equilíbrio e a sua saúde mental.
A sociedade é particularmente exigente com as mulheres, desde crenças relativamente aos comportamentos certos e errados, exigências familiares, exigências profissionais, entre muitas outras. Nestas circunstâncias, nem sempre é fácil para uma mulher encontrar-se, permitir-se a sentir e permitir-se a ser quem é em plenitude e livre de condicionamentos sociais e familiares.
A verdade é que as mulheres têm, regra geral, uma tendência maior a expressarem as suas emoções, o que — indiscutivelmente — seria benéfico para a sua saúde mental e as colocaria em vantagem nesta área. Mas por outro lado, em clara oposição, as mulheres também têm uma probabilidade maior de que as suas emoções sejam desvalorizadas e ignoradas. Quantas vezes já não ouviu “é mulher, está a dramatizar!”, “só chora, parece uma menina!”, “se trabalhasse como um homem, não tinha tempo para estar deprimida!”?
Perante este cenário, não há como a expressão emocional, tendencialmente, mais apurada das mulheres cumprir a sua função de equilíbrio, porque as emoções que são expressas são incompreendidas e a dor que é expressa é muitas vezes vivida no vazio e na ausência de um ‘colo’ reparador e protetor.
Perante tudo isto, o equilíbrio e a saúde mental da mulher são muitas vezes colocados em risco. E há períodos mais fracturantes e aos quais é essencial estar atento, como por exemplo as fases de transição de vida, o período gravidez e pós-parto, a fase da menopausa, a fase do ninho vazio — saída dos filhos de casa —, ou até mudanças familiares. São alturas em que a mulher tende a ser colocada à prova e, por vezes, a ser desvalorizada.
É, por tudo isto, absolutamente essencial que a saúde mental da mulher seja um tema e que tenha o protagonismo que merece, para os mais cépticos os números são claros e corroboram esta necessidade. Assim, se preferirmos olhar para as estatísticas, percebemos que há uma probabilidade maior de as mulheres sofrerem ansiedade, depressão ou outras problemáticas do foro emocional.
Fica, desta forma clara, a necessidade urgente de que as mulheres tenham espaço para pedir ajuda, tenham espaço para a sua expressão emocional e que as exigências que lhes são feitas ao longo do crescimento e da vida, encontrem um ponto de equilíbrio. Nunca nos esqueçamos que ao cuidarmos da saúde mental das mulheres, estamos a cuidar também de todos nós.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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