A alguns centímetros do chão, desafia-se a lei da gravidade para se pôr à prova o equilíbrio e flexibilidade. O resultado? Um corpo perfeito e menos stresse! A técnica foi criada nos Estados Unidos da América por Christopher Harrison, especialista em ginástica aérea, mas rapidamente chegou a vários países, incluindo Portugal, para nos conquistar. Pelo desafio, pela aventura, pelos benefícios comprovados, quando ouvimos falar do ioga suspenso, todas queremos, pelo menos, experimentar. E difícil é não ficar rendido. Assim que ouvi falar do ioga suspenso, dei por mim à procura de imagens e não precisei de mais nada para pegar no telefone e agendar uma aula.

As imagens das posições acrobáticas que o ioga suspenso permite fazer são impressionantes e depressa somos invadidas pelo desejo de colocar aquele desafio a nós próprias. A expressão «Não vou conseguir» que nos surge na mente à medida que a aula avança e o nível de exigência aumenta é completamente proibida. Porque, independentemente da posição que terá de fazer, vai conseguir fazê-la. E é nesta autoconfiança que reside um dos maiores benefícios do ioga suspenso. Não há dúvidas que este é um dos melhores exercícios para passarmos a acreditar mais em nós. Mas não é o único. Quando o corpo fica em suspensão, os benefícios são muitos.

Desafiar as leis da natureza

No ioga suspenso, também conhecido por ioga antigravidade, treina-se a alguns centímetros do chão e o tecido, suspenso no teto é o nosso apoio durante toda a prática. É nele, apoiando os pés, as pernas ou as coxas, que fazemos as posições típicas do ioga para alongar o corpo, libertar a tensão muscular, trabalhar a força e a flexibilidade e, ao mesmo tempo, treinar o equilíbrio e a consciência corporal. Tal como no ioga, aqui também treinamos, usando o próprio peso do corpo. A diferença é que aqui está totalmente em suspensão e todos os músculos do corpo são ativados, especialmente os do abdómen, para não cairmos e mantermos a estabilidade.

Não é por acaso que os especialistas dizem que este é um dos exercícios mais completos. «É um excelente exercício para tonificar, de uma forma harmoniosa, e muito bom como complemento de outras práticas, especialmente para quem pratica ioga», refere o professor Rui Oliveira Costa, que fundou a modalidade em Portugal. «Em posturas suspensas, conseguimos, ainda, aliviar áreas sobrecarregadas no dia a dia, como a região lombar», acrescenta ainda o professor, explicando que «os exercícios feitos de cabeça para baixo são os que promovem maior descompressão da coluna vertebral». Estes são também os mais indicados para relaxar e aumentar a confiança.

Uma prática onde nos (re)descobrimos

Embora as imagens de ioga suspenso transmitam exigência e muita prática, vai ficar surpreendido quando experimentar e perceber que, numa primeira aula, terá coragem para arriscar várias posições invertidas e que será bem-sucedido. A estabilidade que o tecido proporciona, o acompanhamento do professor e a confiança que ganha em breves minutos são suficientes para ajudá-lo a chegar lá. No final, a sensação de desafio superado é muito recompensadora. Foi o que eu senti! Mas as acrobacias não são o único desafio no ioga suspenso. Tão ou mais desafiante é conseguir manter o equilíbrio ao longo de todos os exercícios.

Um desafio que se torna mais fácil, depois de baloiçar sentada no tecido, como se estivesse num baloiço. Um momento libertador, pois a sensação que temos é a de que regressamos, por instantes, à infância. Ao mesmo tempo, passamos a ter uma nova consciência corporal e ganhamos mais confiança. «Este é um exercício excelente na perspectiva de integração do corpo como um todo e faz com que a relação da pessoa com o tecido se torne numa relação de mais confiança. Se se está meio hesitante, depois de baloiçar, fica-se mais confiante», garante o professor.

Talvez ganhe a confiança necessária para arriscar num exercício de voo. De barriga para baixo e em completa suspensão (as mãos estão agarradas ao tecido e os braço envoltos nele), esticamos as pernas e ganhamos o balanço necessário para voar. Literalmente! Pois, a sensação é mesmo essa… A sala do Jaya Yoga Shala, situada num sétimo andar de um edifício da capital com janelas panorâmicas que parecem estar a escassos passos do céu, torna esta experiência ainda mais especial.

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Como se processam as aulas?

As aulas de ioga suspenso podem variar entre a prática de posições tradicionais associadas ao tecido, trabalhando mais a força e a flexibilidade, uma prática mais terapêutica. A outra é a vertente mais acrobática, em que se coloca um pouco mais de risco. Tudo dependerá do seu objetivo. Esta é, aliás, mais uma das vantagens da modalidade. A sua versatilidade, como diz Rui Oliveira Costa. «Independentemente do objetivo, as aulas de ioga nunca se repetem», explica. A aula tem a duração de uma hora e meia e divide-se em três partes. A primeira é a preparatória, onde, durante 15 minutos, preparamos o corpo para a prática que se segue, através de alongamentos.

A segunda, a parte técnica, é aquela em que se praticam várias posições sobre o tecido, ao som de música clássica ou étnica e sempre sob o olhar atento do professor. E, por fim, o relaxamento que dura entre 10 a 15 minutos. Nesta parte, o tecido utilizado durante toda a aula, com seis metros de comprimento e 2,80 metros de largura, transforma-se numa espécie de rede de praia, mas envolvendo todo o corpo, que é embalado pelo tecido. Nesta parte, deitadas sobre o tecido e completamente em suspensão, é-nos colocada uma venda sobre os olhos com aroma a alfazema que ajuda ao relaxamento e à interiorização, e fazemos várias técnicas de respiração.

A música relaxante que acompanhou toda a aula é agora acompanhada do som de taças harmónicas que relaxam todos os sentidos, e somos levadas para um estado de leveza puro. No final, ganhamos uma nova energia, não para enfrentar os desafios do ioga suspenso, mas para os desafios que vamos encontrar, lá fora, até à próxima aula.

O que é o ioga antigravidade?

Esta é uma prática de ioga que utiliza o tecido aéreo como um acessório, permitindo um apoio eficaz no corpo e facilitando a prática de asana (posturas psicofísicas), na melhoria da resistência física e flexibilidade, a componente terapêutica, e alguns desafios de acrobacia aérea. Em Portugal, pode fazê-la na Jaya Yoga Shala, em Lisboa. Para obter mais informações, vá ao site Yogasuspenso.com. Os preços das sessões custam a partir de 40 € (uma vez por semana). Pode, contudo, praticar em casa. Para isso, basta adquirir o kit de treino por cerca de 220 €.

Outros exercícios em suspensão:

- Pilates aéreo

Idêntico ao ioga suspenso, também usa um tecido, no qual são praticados os exercícios clássicos do pilates entre outros movimentos. A respiração, pausada e profunda, a contração abdominal permanente e o alinhamento correto da coluna são, tal como no pilates tradicional, os principais princípios básicos. Não está disponível em Portugal.

- TRX

Permite um treino rápido e eficaz e, tal como no ioga e no pilates, também utiliza o peso do próprio corpo, mas adicionando um acessório, o TRX. Um par de fitas reguláveis que ficam presas ao teto ou na parede, onde se encaixam as mãos ou os pés. O treino pode ser feito em total suspensão ou com uma parte do corpo apoiada no chão e em qualquer lugar.

- Acrobacia aérea

Arte circense praticada em diferentes aparelhos, como tecidos verticais, corda vertical e corda em balanço, rede, trapézio, entre muitos outros, onde o acrobata executa movimentos de flexibilidade e força, habitualmente em altura, quedas e giros, desafiando a força da gravidade.

- Pole dance

O pole dance performativo é uma dança sensual e acrobática executada em redor de uma barra metálica vertical. É um exercício que trabalha toda a musculatura do corpo, permitindo queimar entre 350 a 400 calorias por hora.

Texto: Sofia Cardoso com Rui Oliveira Costa (professor de ioga suspenso na escola Jaya Shala Yoga em Lisboa)