O conceito de Saúde tem evoluído ao longo dos tempos, tão mutável como as sociedades que constantemente se renovam e reinventam. Hoje é claro que ser saudável não implica apenas a ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar físico, mental e social.
A atividade física regular tem um impacto bastante positivo na saúde física e psicológica e sabe-se que acarreta benefícios na redução e prevenção do excesso de peso, obesidade, doenças crónicas - como as doenças cardiovasculares e a diabetes, mas também ajuda a prevenir doenças do foro mental como ansiedade e depressão, melhora a qualidade do sono e o desempenho cognitivo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda para os jovens a prática de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, pelo menos, durante 60 minutos, no mínimo 3 vezes por semana. E estarão os nossos adolescentes a cumprir estas recomendações?
O Global Status Report on Physical Activity 2022 da OMS revela que mundialmente os jovens mantêm níveis de inatividade elevados, com uma ligeira melhoria por parte dos rapazes (77,6%) e piores resultados nas raparigas (85% não cumprem as recomendações de pelo menos 60 minutos de exercício diário). Já em Portugal, os resultados são ainda menos animadores. Segundo o mesmo relatório, 78% dos rapazes e 91% das raparigas são sedentários.
Num mundo cada vez mais globalizado, com informação disponível ao momento, que razões podemos apontar para termos jovens cada vez menos ativos? Um recente estudo da PORDATA revelou que os jovens portugueses estão cada vez mais instruídos, com aumento do nível de escolaridade e diminuição do abandono escolar. Possuem competências digitais acima da média europeia, sendo o 5º país onde mais utilizam a internet para aceder a redes sociais e ler notícias online. O peso do tempo passado em frente a ecrãs é atualmente bastante significativo, retirando muitas vezes espaço à prática de exercício físico.
Por outro lado, os jovens nem sempre são o foco das campanhas de sensibilização para a prática de atividade física, já que estas se preocupam, particularmente, com a prevenção das doenças cardiovasculares, principal causa de morbimortalidade na idade adulta. Porém, sabe-se hoje que as crianças e adolescentes que adotam e mantêm hábitos de vida ativa, com exercício físico regular, terão menor probabilidade de desenvolver obesidade na idade adulta, prevenindo assim várias doenças que afetam significativamente as faixas etárias mais avançadas.
O sedentarismo por parte dos jovens tem um impacto elevado, tanto na saúde como na economia. É, por isso, imperativo manter uma promoção ativa da prática regular de desporto. O acompanhamento por profissionais de saúde especializados pode ser útil, recomendando e ajustando a atividade física, de acordo com as características do jovem. O acompanhamento médico é, também, importante para prevenir possíveis lesões e, ainda, otimizar a performance, ajudando o jovem a alcançar mais facilmente os seus objetivos a manter-se saudável e motivado para a prática de exercício físico.
Um artigo da médica Bárbara Barroso de Matos, pediatra no Hospital CUF Descobertas.
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