As lesões vertebro-medulares são uma patologia que tem um impacto tremendo na qualidade de vida dos pacientes, estando normalmente associada a limitações profundas como paraplegia, necessidade de utilizar cadeira de rodas ou outros aparelhos de locomoção e nalguns casos, dependência total ou parcial de um cuidador.
Estas lesões "podem resultar em grande parte de comportamentos de risco", começa por explicar Luís Teixeira, médico ortopedista, especialista nas lesões da coluna e presidente da Associação sem fins lucrativos "Spine Matters".
A paralisia dos membros, a incapacidade motora e o funcionamento parcial do sistema nervoso são apenas algumas das consequências que podem advir de uma lesão da coluna vertebral e medula espinhal, interferindo no desempenho das mais simples atividades rotineiras e na qualidade de vida, não só do paciente, mas também do seio familiar.
Principais causas
- Acidentes de Viação (mais de metade);
- Quedas de alturas elevadas;
- Mergulhos;
- Agressões;
- Lesões desportivas;
- Em pessoas idosas, quedas em casa.
A principal causa desta lesão está, na grande maioria dos casos, relacionada com os acidentes de viação. De acordo com as estatísticas da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, esta tendência tem vindo a aumentar cerca de 20% ao ano, desde 2016, passando de 127 mil registos para 132 mil, causando cerca de 2.100 feridos graves.
Os números revelam ainda que 1 em cada 100 portugueses está envolvido neste tipo de sinistros.
De forma a prevenir acidentes nas estradas nacionais, o médico especialista deixa alguns conselhos práticos:
- Evite o excesso de velocidade; utilize um sistema de GPS com alerta para as velocidades máximas em cada troço ou defina o cruise control / limitador de velocidade de forma evitar ultrapassar os limites legais;
- De mota / bicicleta / trotineta elétrica: utilize sempre capacete, mesmo em distâncias curtas ou em propriedades privadas: uma queda aparentemente pequena, mesmo a baixa velocidade, pode provocar uma lesão vertebro medular irreversível;
- Não use o telemóvel enquanto conduz: a maioria dos smartphones já possuem modo ‘Não incomodar’, oferecendo a possibilidade de esconder as notificações e enviar mensagens automáticas com o texto ‘estou a conduzir’;
- É importante regular a inclinação do banco para um ângulo entre 100 a 120º. Uma inclinação excessiva pode ser prejudicial, mas também um banco demasiado reto, exerce tensão e desconforto muscular, podendo ser igualmente perigoso. Certifique-se de que a sua coluna esta totalmente apoiada no encosto do banco e nunca conduza só com um braço, uma vez que leva a uma maior tendência de inclinação do corpo, o que no momento do embate pode ser muito prejudicial;
- A distância do assento deve ser ajustada de forma a que a coluna esteja totalmente apoiada no banco, com as pernas e braços levemente fletidos. Ao pressionar os pedais de travagem e embraiagem, os joelhos devem permanecer ligeiramente fletidos. Este pormenor é muito importante uma vez que se os joelhos estiverem esticados no momento do impacto a energia pode provocar fraturas graves ao nível das pernas, bacia ou mesmo na coluna vertebral. No entanto, a flexão exagerada dos joelhos, poderá potenciar uma má circulação do sangue, o que é negativo quando conduz muitas horas seguidas, podendo igualmente contribuir para lesões graves numa colisão;
- Ajuste do volante: Quando existe essa opção no veículo, o volante deve ser posicionado de forma a que o condutor tenha visibilidade total do painel de controlo sem ter que mover a cabeça para ler a sua informação. No entanto, o mesmo não deve tocar nas coxas. Deve ainda segurar o volante com as duas mãos. O condutor deve ainda estar posicionado corretamente de forma a que o encosto de cabeça absorva o impacto causado pelo efeito chicote ao nível da coluna cervical no caso de uma colisão;
- Faça pausas a cada duas horas: válido para todas as viagens longas mas também para quem trabalha sentado o dia todo – a possibilidade de hérnia discal é maior, pela sobrecarga lombar.
Para além dos acidentes rodoviários, deve ter em atenção as seguintes situações
- Não arrisque: não faça saltos para a água de alturas elevadas, em especial quando desconhece a sua profundidade.
- Seja cuidadoso: sempre que tiver que subir a um telhado, não o faça sozinho. Utilize uma escada robusta e peça a ajuda de alguém para garantir que está bem fixa; afaste-se das bermas, use calçado adequado, capacete e arnês de segurança. Sempre que sente que o risco é demasiado grande, peça ajuda a um profissional.
As recomendações são do médico Luís Teixeira, especialista em Ortopedia.
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