Os pés são a base do nosso corpo. São eles que suportam tudo aquilo que nos compõe enquanto seres humanos, são o nosso meio de transporte por natureza e servimo-nos deles, quase inconscientemente, para desempenhar grande parte das tarefas da nossa rotina diária.
No entanto, os pés raramente são a base das nossas preocupações, quando pensamos num estilo de vida saudável e, menos ainda, quando pensamos especificamente em hábitos alimentares. O que é certo é que uma má alimentação, para além de ter um grave impacto na nossa saúde, coloca em risco a saúde dos nossos pés.
Assim, há decisões que devemos tomar, por nós e pelo nosso bem-estar. No caso específico da saúde do pé, uma delas é reduzir o consumo de carnes vermelhas, ricas em gorduras saturadas, e de produtos com grandes quantidades de açúcar e de gorduras ómega 6, como os óleos vegetais, uma vez que podem influenciar o aparecimento de diversas patologias. Entre elas, destacam-se a fasceíte plantar, que se caracteriza por uma inflamação dolorosa dos tecidos da planta do pé, do calcanhar ou do ante-pé, ou a “gota”, extremamente incapacitante e dolorosa, que se deve ao alojamento excessivo de ácido úrico no dedo grande do pé.
O cuidado deve ser redobrado, para quem sofre de diabetes. Ao longo do tempo, esta doença danifica as artérias e dificulta a circulação do sangue até às extremidades inferiores do corpo, o que, em conjunto com hábitos alimentares pouco equilibrados e desadequados à sua condição de saúde, faz com que o paciente fique sujeito a desenvolver pé diabético. Contrariamente, uma alimentação equilibrada, ao contribuir para manter as artérias saudáveis e para o seu bom funcionamento, favorece a boa saúde dos pés e pode até evitar uma amputação.
Para além disto, não devemos esquecer que o excesso de açúcar e de gorduras pode levar à obesidade, responsável pelo aumento das dores e da sensação de dormência nos pés. Em casos mais graves, a obesidade pode mesmo originar alterações ao nível do pé, como o pé plano, uma vez que devido ao excesso de peso do corpo, a planta do pé fica em constante sobrecarga e, por essa razão, vai-se deformando, perdendo o seu arco e tornando-se achatada.
Não é obrigatório cortar totalmente este tipo de alimentos da sua dieta (caso não haja indicação em contrário por parte do seu médico ou especialista), mas é imperativo que os consuma de forma controlada: em pequena quantidade e ocasionalmente.
Em contrapartida, recomenda-se uma alimentação saudável, rica em vitaminas, antioxidantes, “gorduras boas” (como, por exemplo, as gorduras ómega 3), fibras e minerais, sobretudo à base de:
- Fruta da época, como citrinos, maçã e romã;
- Vegetais, sobretudo os verdes;
- Frutos secos;
- Peixe gordo e de águas frias, como o salmão, o atum e a sardinha;
- Carnes magras (ou brancas), como o peru e o frango;
- Cereais integrais;
- Leguminosas, como o feijão;
- Muita água.
Tenha, no entanto, em atenção que seguir uma dieta saudável contribui, de facto, para a saúde dos seus pés, mas não elimina a hipótese de ter, ao longo da sua vida, problemas podológicos. Assim, não deve deixar de consultar o seu podologista, pelo menos uma vez por ano e/ou sempre que detetar alguma alteração, para um diagnóstico atempado e um tratamento adequado.
Um artigo de Fátima Carvalho, podologista responsável pelo Centro Clínico do Pé de Amarante.
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