Todos nós em determinados períodos da nossa vida, passamos por fases emocionalmente desafiantes. Nessas fases, é comum procurarmos uma forma de nos tranquilizamos e de compensação emocional. Fazermos esta procura ativa para restabelecermos o nosso equilíbrio é muito importante, mas, para o fazermos de forma eficiente, precisamos de pensar acerca de tudo aquilo que se está a passar, de dar um significado às nossas experiências emocionais e de, a partir daí, encontrarmos as ferramentas certas, que nos levam ao nosso equilíbrio.
No entanto, este nem sempre é um processo fácil e, perante estas fases, muitas vezes, procuramos não pensar e não sentir, limitando-nos apenas a tentar reequilibrar-nos através de estratégias mais imediatas, como por exemplo, uma ida às compras. O consumismo funciona assim, como uma espécie de preenchimento do vazio interior através de bens materiais, é uma forma célere de nos iludirmos a nós próprios e de criarmos a ideia - mesmo que muito transitória - de bem-estar.
E é este o grande problema desta forma de nos reequilibrarmos, o facto de este preenchimento ter um efeito que se extingue rapidamente no tempo, a satisfação obtida é meramente imediata, sem ter um efeito verdadeiramente reparador do nosso mal-estar interno.
Acresce ainda que após estas compensações através de bens materiais, muitas vezes, fica a culpabilidade, pelos gastos em excesso, pela compra de bens que de facto não tínhamos necessidade. Sendo que este fenómeno agrava ainda mais o mal estar interno que se está a vivenciar.
Perante tudo isto, nunca nos esqueçamos que o vazio interno nunca pode ser preenchido através de compras, por exemplo. Tentarmos fazê-lo é como tentar estancar uma grande hemorragia com um penso rápido, nunca nos levará ao sucesso. Nestas circunstâncias, é essencial controlarmos o impulso do consumismo e mantermos presente que o desequilíbrio emocional exige que nos dediquemos a sentir, a pensar e a elaborar tudo aquilo que vive dentro de nós, para a partir daí podermos, gradualmente, encontrar o nosso equilíbrio.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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