É natural que, numa relação de longo-prazo, a fase da lua-de-mel e da paixão tenham os dias contados. Segundo os especialistas, essa fase pode ir de meses a anos. Não obstante a durabilidade, todos estão de acordo que essa fase chega ao fim, dando lugar a outros sentimentos, não menos importantes, mas que podem alterar a dinâmica e as prioridades do casal.
Com esse esmorecimento também a vida sexual do casal pode sofrer alterações. É muito provável que existam momentos em que um dos elementos do casal tenha mais vontade de ter relações sexuais do que o outro. Isso não significa que não se nutra sentimentos pelo/a companheiro/a, mas a líbido está enfraquecida. A rotina diária acaba por superar o desejo sexual, fazendo com que muitos casais lutem para trazer a energia sexual de volta para as suas vidas.
É sabido que a sexualidade faz parte da personalidade de cada pessoa e, como todos somos diferentes, as nossas necessidades sexuais também variam. Você e o seu parceiro podem ter desejos sexuais muito diferentes e os níveis de desejo também mudam com a idade e ao longo do relacionamento.
No início de um relacionamento, os homens tendem a querer sexo com mais frequência do que as mulheres, mas com o tempo até mesmo o sexo pode descer na lista de prioridades. E isso é completamente normal. O foco de um casal muda da vivência de momentos escaldantes para a construção de um projeto a dois, partilha de uma casa, ter filhos e construir uma vida juntos.
No entanto, a maioria dos casais estabelece rotinas assim que começam a compartilhar responsabilidades e, em vez de tentar impressionar um ao outro com experiências emocionantes e sensuais, recuam para algumas zonas de conforto, pois outros aspetos da vida exigem mais atenção do que a sexualidade.
A determinada altura parece até que o desencanto em relação à outra pessoa se instala, o que leva a pessoa a questionar sobre a continuidade da relação. É o momento onde muitos casais ficam presos e é nesta fase que o sexo se torna menos frequente.
Como aumentar o desejo sexual numa relação de longo-prazo?
- Faça uma reflexão sobre a sua relação. Pare, pense, discuta saudavelmente com o seu/sua parceiro/a sobre o que esfriou na relação, para que consigam avaliar a situação e conhecer as necessidades de cada um neste momento da vida.
- Faça pequenas alterações na rotina. Não precisa de mudar drasticamente a rotina, mas pode implementar pequenas mudanças que agradem os dois (como por exemplo, um jantar temático por semana, um fim de semana por mês noutro local, jogos eróticos/sexuais).
- Experimente outros locais. Mude de divisão, saia de casa, experimente contextos diferentes. As relações sexuais não têm que estar limitadas à cama e a uma determinada hora. A líbido pode ser estimulada em contextos diferentes aos que já se habituou.
- Reintroduza os carinhos, os beijos e os toques na relação. É fácil, à medida que o tempo passa, o contacto entre o casal se resumir a um beijo de bom dia ou de boa noite, mas isso afasta o casal e promove o desinteresse pelo/a parceiro/a. Estimular esses afetos, volta a unir o casal e a relembrar porque se juntaram em primeiro lugar, além de promover a segurança e vinculação afetiva.
- Se tiver filhos, introduza um tempo exclusivo para o casal. Os filhos mudam radicalmente a vida do casal, mas isso não significa que não possam ter tempo de qualidade. A desculpa da falta de tempo tem que ser substituída pela vontade de ter tempo. Se não tiver família próxima que possa ficar com a(s) criança(s), contrate serviços profissionais esporadicamente.
- Procure ajuda profissional se considerar que há muitos problemas a serem resolvidos ou que não está a conseguir implementar mudanças. A terapia de casal pode refrescar a relação e permite identificar problemas e incentivar à resolução dos mesmos, de uma forma clara e personalizada.
A vida sexual faz parte de uma dinâmica saudável do casal. Negligenciá-la pode levar a um afastamento gradual – afetivo, sexual e intelectual – e, em última análise, à separação do casal. Lembre-se que em qualquer fase da vida é possível usufruir da sexualidade. É um tabu achar que à medida que envelhece a sexualidade deixa de fazer sentido. Liberte-se da rotina (e de preconceitos) e tenha uma sexualidade feliz.
Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho.
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