Os nossos melhores amigos nestes próximos meses bem que podiam ser o sofá e a lareira (para manter a nossa temperatura corporal), mas o nosso corpo poderá não gostar muito a médio e longo prazo. Até porque, a nossa temperatura corporal está constantemente sujeita a processos fisiológicos que permitem que se mantenha nos parâmetros normais.
Esta homeostasia (termorregulação) diz respeito a um conjunto de mecanismos que têm como objetivo manter a temperatura corporal no valor estável de 37.º Celsius (com variações diárias). A nossa temperatura corporal apenas se mantém diariamente neste valor basal, porque há características fisiológicas que permitem que esta oscile entre parâmetros estáveis. Estes mecanismos dizem respeito tanto a mecanismos endógenos, como também a mecanismos exógenos, que permitem compensar estas variações, como usar mais ou menos roupa durante o dia.
Quanto aos mecanismos endógenos, o principal fator é a capacidade de nos apercebermos da alteração da temperatura. A integração deste fator consegue-se através do Sistema Nervoso Central e depois desencadeia uma atuação que pode ser voluntária (como bater os pés quando há sensação de frio, para produção de calor através da contração muscular) ou involuntária.
Apesar do mencionado, a prática desportiva em ambientes frios pode causar hipotermia, definida como temperatura corporal inferior a 35.ºC. Desta forma, é necessário estabelecer medidas preventivas para praticar desporto em condições de segurança. Cada pessoa, deve ter aconselhamento médico sobre a possível existência de patologias que comprometem a prática de exercício em condições térmicas adversas (como doenças cardíacas).
Cuidados básicos
Deve-se usar roupa adequada, como várias peças de roupa leve em vez de uma ou duas camisolas grossas. A acumulação de ar quente entre as várias camadas de roupa, permite um melhor isolamento térmico. Luvas e gorros, são outras opções viáveis e muito utilizadas em treinos por equipas de alta competições, apesar de a segunda opção não ser permitida em jogos oficiais.
Tão ou mais importante que o descrito é o aquecimento para a prática desportiva. Nesse período de tempo, há a preparação do corpo para o exercício, aumentando a temperatura corporal. A sua estrutura dependerá do tipo de atividade a realizar. O esforço físico intenso deve, então, ser precedido por uma fase de preparação, na qual se deve ativamente aquecer o corpo, pois este aquecimento irá melhorar a elasticidade dos tecidos do corpo.
Durante a realização de exercícios de aquecimento deve ser estimulada a ativação do Sistema Nervoso Central, de modo a aumentar a velocidade de transmissão dos impulsos nervosos e melhorar a coordenação do movimento e a performance desportiva.
Estas alterações que advêm de um período de aquecimento, preparam o corpo da pessoa para um exercício moderado ou de alta intensidade, diminuindo a resistência intra-muscular. Deste modo, verifica-se um aumento da amplitude de movimento, bem como da velocidade e força de contração muscular.
Num planeamento de treino correto, deve-se também considerar os processos de adaptação e recuperação. Tem-se verificado um maior risco de lesão em pessoas que treinam ocasionalmente e que não têm por hábito fazer aquecimento antes de iniciar a sua prática desportiva. Por outro lado, o exercício deve ser agradável e deve encaixar-se no estilo de vida de cada um.
Embora não seja possível evitar totalmente a ocorrência de lesões em desporto, são cada vez mais utilizadas estratégias no sentido de as reduzir e atenuar igualmente a sua gravidade e as consequências nefastas para os atletas e para o seu envolvimento desportivo e social.
Os conselhos são do fisioterapeuta Sérgio Loureiro Nuno, professor universitário e fisioterapeuta nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
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