No Reino Unido, Rebecca Barker, uma das poucas mulheres que aceitam dar a cara, é o novo rosto do drama dos viciados em sexo. Em 2014, a sua compulsão atingiu um tal nível que esta mãe de três filhos de 37 anos viu a sua vida conjugal ruir. O companheiro, cansado das exigências conjugais, começou a queixar-se. "Nas fases piores, ter relações sexuais cinco vezes por dia não era suficiente", desabafou em entrevista à BBC.
"Era, literalmente, a primeira coisa em que eu pensava quando acordava. Não conseguia pensar noutra coisa", assume a britânica. "Tudo [o que fazia] me remetia para o sexo. Acho que isso tinha a ver com a minha depressão e com a falta de seretonina. Todo o meu corpo o pedia. Eu acabava de ter um orgasmo e cinco minutos depois já me apetecia sexo outra vez", recordou ao canal de televisão britânico.
"Transformei-me numa eremita. Muitas vezes, ficava em casa, a sentir vergonha por só pensar em sexo. Apesar das pessoas não conseguirem ler a minha mente, eu sentia-me muito desconfortável quando estava ao pé de outras pessoas", admite agora.
Na altura, Rebecca Barker, medicada para a depressão, acabaria por sair de casa. "Fiz muitas alterações no meu estilo de vida para conseguir vencer o problema e acabei por conseguir", limita-se a afirmar hoje.
Para muitos dos viciados em sexo, um número crescente de adictos, libertar-se da adição não é assim tão simples. Nos últimos cinco anos, segundo a Association for the Treatment of Sex Addiction and Compulsivity, associação britânica que reúne os profissionais que tratam pessoas com comportamentos compulsivos e/ou viciados em sexo, duplicou, o que também é sintomático do aumento da procura.
Ainda assim, não ultrapassam os 170. Uma situação que já levou a organização não-governamental Relate a exigir que o sistema nacional de saúde britânico comece a ajudar os que sofrem desta adição. Em maio de 2019, espera-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) inclua as perturbações compulsivas de origem sexual na Classificação Internacional de Doenças (CID), um sistema usado por 117 países.
Em 2013, num dos últimos grandes inquéritos sobre esta adição levados a cabo pelo site Sex Addiction Help, 91% das 21.058 pessoas que responderam eram do sexo masculino. A maior percentagem, 31%, tinha idades entre os 26 e os 35 anos. 1% dos que assumiram o vício ainda não tinham feito 16. 8% tinham mais de 55. Muitos profissionais do sistema nacional de saúde britânico defendem, todavia, que o sexo não vicia.
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