1. As doenças começaram a diminuir antes das vacinas
A melhoria da higiene e a disponibilidade de água potável permitiram controlar muitas doenças infeciosas, não evitando, no entanto, a circulação dos micro-organismos causadores das doenças evitáveis pela vacinação. Só a vacinação em larga escala consegue evitar a ocorrência das doenças alvo da vacinação, levando ao seu controlo ou mesmo eliminação.
A erradicação da varíola no mundo (declarada pela Organização Mundial da Saúde em 1980) só foi possível quando globalmente se atingiram elevadas coberturas vacinais. Mesmo com boas condições de higiene, interromper a vacinação levaria ao reaparecimento dessas doenças, com as consequentes mortes e incapacidades evitáveis, como está a acontecer com o sarampo.
2. As doenças evitáveis pela vacinação estão praticamente eliminadas
As doenças atualmente evitáveis pela vacinação ainda ocorrem em diversas partes do mundo, incluindo a Europa. Há dois motivos principais para vacinar:
- A proteção individual: apesar de estas doenças serem atualmente raras em Portugal, qualquer pessoa não protegida pode ser infetada e adoecer. Uma criança não vacinada poderá adquirir a doença se viajar para locais onde a doença ainda não está controlada ou se contactar com uma pessoa infetada/doente proveniente desses locais. No regresso poderá ainda trazer essas doenças para o nosso país, contagiar pessoas não protegidas e originar surtos.
- A proteção da comunidade: em países/regiões/locais com elevadas coberturas vacinais a comunidade beneficia da chamada imunidade de grupo, isto é, quanto maior a proporção de pessoas vacinadas menor a circulação do micro-organismo causador da doença, com proteção indireta das pessoas não vacinadas. A imunidade de grupo confere proteção aos que não podem ser vacinados, por exemplo, por não terem atingido ainda a idade recomendada para a administração de vacinas.
3. É preferível ficar imunizado pela doença do que pelas vacinas
Apesar de, geralmente, conferir proteção contra infeções posteriores, a doença natural pode evoluir com complicações graves e morte. E mesmo uma criança saudável pode desenvolver complicações. A vacinação é muito mais segura – através das vacinas o sistema imunitário é capaz de garantir proteção a longo prazo, sem o risco acrescido das complicações que a doença acarreta.
4. As vacinas podem causar reações adversas graves, doenças e até a morte
As vacinas atualmente são muito seguras e eficazes. Ao longo da história do Programa Nacional de Vacinação (PNV) foram introduzidas vacinas cada vez mais seguras, como aconteceu, por exemplo, com as vacinas contra a poliomielite e contra a tosse convulsa. As reações adversas mais frequentes são ligeiras e de curta duração, ocorrendo, na sua maioria, no local da injeção. A febre após a vacinação é frequente. Estas reações podem, se necessário, ser controladas com medicação. O risco de uma criança ter uma reação adversa a uma vacina é muito inferior ao risco de uma complicação grave da doença que essa vacina previne.
Além disso, não é possível saber, antecipadamente, quais as crianças em que a doença poderá evoluir com complicações ou morte. As vacinas, tal como qualquer medicamento, são alvo de um sistema de vigilância apertado, garantindo que qualquer reação anormal seja exaustivamente investigada, o que, com tantos anos de experiência e muitos milhões de vacinas administradas em todo o mundo, permite afirmar que as vacinas têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade. A notificação oficial de reações adversas às vacinas pelos profissionais de saúde é obrigatória.
5. Administrar múltiplas vacinas simultaneamente pode sobrecarregar o sistema imunitário
Um dos objetivos do PNV é a proteção, o mais precocemente possível, contra o maior número possível de doenças, cujas consequências, a nível individual e coletivo, estão inequivocamente demonstradas. Estudos científicos provam que a administração simultânea de várias vacinas não aumenta as reações adversas. Independentemente da vacinação, no dia a dia, a criança está exposta a inúmeros estímulos infeciosos, estando o sistema imunitário preparado para lidar com todos eles.
Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico levou ao aumento do número de componentes das chamadas vacinas combinadas. A proteção contra várias doenças com uma única injeção, diminuindo o número de injeções que a criança teria de receber se cada uma das vacinas fosse administrada em separado, tem por objetivo a humanização e melhor adesão aos esquemas vacinais, principalmente no primeiro ano de vida.
6. Preferia que o meu filho não apanhasse todas essas vacinas hoje
Não há risco acrescido de reações secundárias na administração simultânea das vacinas recomendadas para determinada idade. Atrasar algumas vacinas é deixá-lo vulnerável a essas doenças. O ideal é cumprir o esquema recomendado, que está estudado para dar a melhor proteção, o mais cedo possível e de acordo com a idade da criança.
7. As vacinas podem provocar autismo
Há alguns anos, em Inglaterra, foi publicado um estudo afirmando que a vacina contra o sarampo/papeira/rubéola (VASPR) provocava autismo. Este estudo foi totalmente desacreditado, tendo revelado deficiências graves na metodologia e conflitos de interesse provados juridicamente. O autismo é uma doença em que a idade do diagnóstico coincide, em geral, com a idade em que são administradas as vacinas, nomeadamente a vacina VASPR. Muitos estudos científicos credíveis demonstraram que, apesar da coincidência temporal, não existe uma relação causal.
8. As vacinas são mais prejudiciais do que benéficas
A verdade é que as vacinas salvam mais vidas do que outros tratamentos médicos. A sua utilização generalizada ao longo de décadas, através dos programas de vacinação, contribuiu para controlar a elevada mortalidade e as complicações (a curto e a longo prazo) de várias doenças contagiosas, que eram um verdadeiro flagelo no passado. Os efeitos secundários das vacinas, que são raros e estão identificados, são muito inferiores aos danos causados pelas doenças contra as quais essas vacinas protegem.
Por outro lado, as vacinas são aprovadas tendo em atenção a sua qualidade, eficácia e segurança. Sabemos também que, nos países em que há grande contestação às vacinas, com bases não científicas, estão a ressurgir doenças que já estavam controladas (como p. e. o sarampo), com casos mortais e incapacidades para o resto da vida, situações que poderiam ter sido prevenidas.
As informações têm a chancela dos médicos e especialistas da Direção-Geral da Saúde.
Comentários