Filipe Palavra, médico neurologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, afirma que "entre 55% a 88% dos doentes com dor crónica apresentam perturbações do sono e mais de 40% dos doentes com perturbações do sono reportam dor crónica", citando uma revisão de estudos publicada em 2020.

Neste contexto, recorda que “é fundamental que a abordagem à dor crónica tenha também em conta aspetos relacionados com o padrão de sono para que o tratamento e acompanhamento do doente seja o mais adequado e efetivo possível”.

Na prática clínica, as perturbações do sono devido à dor podem ser indicativas da gravidade e do impacto a nível funcional desta patologia, existindo também evidência significativa de que esta seja uma relação bidirecional e recíproca. Os distúrbios do sono aumentam a sensibilização central em doentes com dor e podem também ser um fator preditivo da própria dor.

 O sono é caracterizado por um estado de consciência alterado com ciclos específicos de atividade de ondas cerebrais. Durante o sono ocorre uma libertação coordenada de substâncias neurotransmissoras e de hormonas, que regulam o crescimento, o desenvolvimento, a imunidade e as funções metabólicas.

As perturbações do sono, como a privação do mesmo, estão associadas a muitas comorbilidades, a custos sociais e a custos de saúde (diretos e indiretos), e devem ser avaliadas como um sintoma clinicamente importante no contexto da dor crónica.

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