Neste tempo em que os sistemas de saúde enfrentam enormes desafios, os cuidados de enfermagem são mais do que nunca essenciais, assumem um papel cada vez mais central na resposta eficaz e sustentável às necessidades das populações e constituem um pilar fundamental para a sua sustentabilidade, contudo, a sua contribuição permanece quase sempre invisível e subvalorizada nas esferas de decisão política e organizacional.
É aqui que o enfermeiro gestor faz toda a diferença: não apenas liderando equipas, mas dando voz ao real impacto da enfermagem nos cuidados de saúde.
Mais do que gerir recursos ou planear escalas, o enfermeiro gestor é um agente estratégico na valorização do trabalho das equipas de enfermagem. Ao ocupar posições de liderança e decisão, tem a responsabilidade de evidenciar o impacto clínico, social e económico dos cuidados de enfermagem.
A visibilidade dos cuidados de enfermagem começa na capacidade de demonstrar resultados, promover boas práticas, defender recursos e tornar claro que os cuidados de enfermagem salvam vidas, reduzem custos e melhoram a qualidade dos cuidados na redução de infeções hospitalares, na melhoria da experiência do utente, na gestão eficaz da dor, no acompanhamento de doentes crónicos, entre tantos outros exemplos. Cabe ao enfermeiro gestor garantir que estes contributos sejam visíveis, quantificados, comunicados e, sobretudo, valorizados nas instâncias da decisão politica e estratégica.
O enfermeiro gestor não é apenas um administrador de cuidados; é um defensor do seu valor. A sua ação é essencial para que os cuidados de enfermagem deixem de ser “invisíveis” e passem a ser “vistos” como uma alavanca imprescindível para sistemas de saúde mais humanos, eficientes e sustentáveis.
É através desta liderança estratégica que os enfermeiros deixam de ser “executores silenciosos” para se tornarem protagonistas nos sistemas de saúde e assumem um papel estratégico.
Diz-se que “tornar visível o que os enfermeiros fazem é um imperativo ético e político no atual contexto dos sistemas de saúde”.
Mais do que nunca, é urgente investir em lideranças de enfermagem capazes de transformar a prática em política de saúde, é imprescindível lembrar o papel de cada um nesse desiderato coletivo, e nesse papel individual tão bem representado na historia que os Guarani contam sobre certa onça que durante um enorme incêndio viu um pequeno beija flor a voar na direção do fogo e voltar para nova viagem, o que o levou a perguntar: “O que está fazendo beija-flor?, perguntou-lhe.
Vou para o lago – respondeu o pássaro – bebo água com o bico e jogo no fogo para o apagar.
A onça sorriu. Você está louco? – disse-lhe. Você acha que vai conseguir apagar o fogo só com seu biquinho?
Bem – respondeu o beija-flor – eu faço a minha parte …
E depois de dizer isso, ele foi buscar mais água ao lago.
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